Atualização às 19h37
O Uruguai foi às urnas neste domingo (24/11) para decidir o próximo presidente do país, que deve governar de 2025 a 2030: Yamandú Orsi, da esquerda Frente Ampla (FP), e Álvaro Delgado, do direitistista Partido Nacional (PN), que representa a continuidade do atual mandatário Luis Lacalle Pou.
As urnas, distribuídas nas 7.225 seções de voto em todo o país, ficaram abertas das 8h30 às 19h30 para que os 2.727.120 eleitores possam votar.
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Orsi e Delgado enfrentam-se no segundo turno da eleição presidencial no país após serem os dois candidatos com a maior quantidade de votos no primeiro turno, em 27 de outubro.
O candidato da aliança progressista é Orsi, ex-governador do departamento (província) de Canelones, região que conforma boa parte do que se considera como a Grande Montevidéu. Sua gestão marcada por uma alta aprovação o ajudou a vencer as prévias frenteamplistas contra a prefeita da capital Carolina Cosse, cujo governo também é muito bem avaliado – Cosse agora é sua candidata a vice-presidente.
Outro fator que favorece Orsi e a Frente Ampla é a comoção em torno do ex-presidente Pepe Mujica (2010-2015) que sofre de um câncer no esôfago. Apesar de estar submetido a um tratamento, e mesmo aos seus 89 anos, o ex-guerrilheiro tupamaro participou dos comícios da coalizão progressista, sempre enfatizando, em seus discursos, que esta eleição marcará sua “despedida da política”.
Já Delgado chega na disputa após cinco anos como ministro porta-voz do atual presidente, o neoliberal Lacalle Pou, cujo governo foi marcado por uma gestão bem avaliada durante a pandemia de covid-19 – ele assumiu o poder em março de 2020, poucas semanas após a chegada do vírus à América Latina –, mas também por um conjunto de reformas econômicas questionadas pela população, especialmente a reforma previdenciária.
Para os resultados do segundo turno, a pesquisa da consultora Cifra, publicada na última quinta-feira (27/11), projeta um pleito apertado, em que Orsi reúne 47% dos votos, e Delgado 46,4%.
Já a porcentagem entre brancos e indecisos é 6,6%.
“É fundamental perceber como é constituído este apoio aos dois candidatos: Orsi tem 39% de votos firmes, de pessoas que dizem que certamente não mudarão o seu voto entre agora e domingo, e outros 8% de votos fracos, de pessoas que poderia mudar o seu voto ou que apenas têm uma fraca preferência por ele. Delgado tem 36,9% de votos fortes e 9,5% de votos fracos”, explica ainda a pesquisa.
Em conclusão com base na análise dos dados, a projeção afirma que “é impossível prever quem vai ganhar”.
“Parece que a eleição – mais uma vez – será muito acirrada e que o vencedor só será confirmado quando os votos forem contados”, finaliza a consultora.
Como foi o primeiro turno?
Na primeira parte da disputa eleitoral, a Frente Ampla recebeu 43,9% dos votos válidos, contra 26,8% do Partido Nacional. Segundo a Corte Eleitoral uruguaia, aquele dia de votação ocorreu sem problemas, com a participação de 88% dos eleitores aptos a votar.
Com a realização das eleições gerais, a população do país também renovou a Câmara dos Deputado e o Senado do país, que resultaram em um complexo panorama para qualquer uma das coalizões que vença o segundo turno.
Na Câmara Baixa, a Frente Ampla elegeu a maior bancada, com 48 representantes. O número, porém, é insuficiente para alcançar a maioria simples entre as 101 cadeiras que compõem a Casa.
Já no Senado, a disputa terminou com a Frente Ampla obtendo maioria simples. A coalizão de esquerda passará a ter 16 senadores a partir de 2025, contra nove do Partido Nacional e cinco do Partido Colorado – que juntos somam 14 vagas.