O jornal Página/12 publicou nesta sexta-feira (16/08) uma série de chats contendo conversas entre a ex-primeira-dama da Argentina, Fabiola Yañez, e María Cantero, secretária pessoal do seu marido, o ex-presidente argentino Alberto Fernández (2019-2023), no qual são descritos alguns dos episódios de violência doméstica cometidos pelo ex-mandatário, que têm gerado escândalo no país.
O material foi apresentado pela advogada Silvina Carreiras, defensora de Yáñez, ao procurador Ramiro González, responsável pelo caso, e vazado à imprensa.
Os chats revelados pela reportagem mostram conversas em que Yáñez relata a Cantero algumas das agressões que sofria por parte de Fernández.
“Ontem à noite ele quis me enforcar, só porque eu lhe disse algo que era verdade, que ele estava coagindo uma amiga que ele queria levar para a cama”, disse Yáñez em uma das conversas. Segundo o Página/12, a amiga mencionada na conversa seria Sofía Pacchi, que foi convocada pelo Ministério Público para ser uma das testemunhas do caso.
Na conversa, Cantero pergunta a Yáñez se Fernández sabia que ela estava grávida, e a então primeira-dama responde que ele não só sabia como lhe deu um chute na barriga sabendo da gravidez.
Outro elemento perceptível nos chats é que Cantero, por diversas vezes, recomenda à ex-primeira-dama que evite tornar público o caso.
“Não conte para ninguém que você me mandou isso, eu vou falar com ele (Fernández). Ele está com muitos problemas, está num momento de grande pressão”, pediu Cantero, segundo uma das conversas vazadas.
Investigação e versão de Fernández
O Ministério Público da Argentina investiga Alberto Fernández pelos possíveis crimes de “lesão corporal duplamente agravada” e “ameaças coercitivas” contra sua ex-companheira, cometidas durante seu mandato presidencial.
Em comunicado publicado nesta quarta-feira (14/08), no qual também anunciou sua renúncia à presidência do Partido Justicialista (sigla que reúne diferentes setores do peronismo), Fernández alegou que “os fatos que me são atribuídos são falsos”.
“Sigo à espera de que a Justiça atue como tal, que deixe de divulgar irregularmente dados através dos meios de comunicação e que me permita exercer o legítimo direito de defesa”, frisou o ex-presidente argentino.