O comandante máximo das FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), Timochenko, afirmou, em entrevista exclusiva em Havana ao jornalista Fernando Morais – e publicada simultaneamente por Opera Mundi e pelo site Nocaute nesta sexta-feira (23/12) – que o grupo acompanhou a crise política no Brasil e que a vê com “preocupação”, porque conhecem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ex-presidente Dilma Rousseff, que estava na presidência “de boa-fé”.
“Sem ter muitos elementos de juízo, vemos com muita preocupação, porque sabemos quem é Lula, quem é Dilma, que além disso, foi guerrilheira, sabemos os valores que um guerrilheiro tem, e sabemos que ela estava de boa-fé exercendo sua presidência e as políticas que podia, frente a uma direita com muito poder. E que, infelizmente, de uma maneira toda condenável, através da calúnia, criando-se situações não corretas, ela é destituída”, disse.
Timochenko falou também, nesta entrevista, sobre o processo de paz, a vitória do ‘não’ no referendo, suas expectativas em relação ao governo de Donald Trump, nos EUA, e a crise política no Brasil. Quer ler (e assistir) à entrevista completa? Clique aqui!
NULL
NULL
FM: Como as FARC veem o que está ocorrendo no Brasil? Se estivesse no poder, reconheceriam o governo atual?
Timochenko: Sem ter muitos elementos de juízo, vemos com muita preocupação, porque sabemos quem é Lula, quem é Dilma, que além disso, foi guerrilheira, sabemos os valores que um guerrilheiro tem, e sabemos que ela estava de boa-fé exercendo sua presidência e as políticas que podia, frente a uma direita com muito poder.
E que, infelizmente, de uma maneira toda condenável, através da calúnia, criando-se situações não corretas, ela é destituída.
Pois esse é um desafio, que tem o povo brasileiro e o movimento popular, com o qual somos solidários, e acompanhamos. Creio que sabem, e não quero dar aulas, nisso é muito importante a unidade de todos os setores. Nós os acompanhamos e fazemos força para que se possa apoiar.
FM: Você deve saber que a direita brasileira tem uma clara má vontade com as FARC, e que já se manifestou, quando disseram que as FARC tinham um embaixador no Brasil, um padre, não lembro o nome dele…
Timochenko: Cabillo… É seu nome aqui, na guerrilha.
FM: Mas você não respondeu. Se as FARC estivessem no poder, reconheceriam o atual governo brasileiro?
Timochenko: Bem, o que passa é que, quando se está no poder, é preciso saber manejá-lo, não? É preciso saber manejá-lo, ver o que está ocorrendo, as circunstâncias, as condições presentes.
Mas que se tenha a plena segurança de que somos solidários a todos, com todo movimento popular, não só no Brasil, mas também com todos os povos do mundo que lutam pela emancipação, por um melhor viver, em luta contra um capitalismo selvagem que está, além de tudo, destruindo o habitat e o meio em que a espécie humana pode viver, algo que aprendemos muito com Fidel, que nos chamou muito a atenção para isso.
Nesse sentido, encaminharíamos todas as nossas ações e nossas políticas.
FM: No Brasil se dizia, e inclusive se publicou com muito destaque, que vocês financiavam o PT. Que ajudaram a pagar as campanhas de Lula. Isso procede? Tem algum cabimento?
Timochenko: Isso não tem nenhuma base real, nada, em absoluto.
Reprodução
Timochenko: Nos solidarizamos com todos os movimentos populares, não só no Brasil