O político liberal e vencedor do prêmio Nobel da Paz, Mohamed ElBaradei, assumirá neste sábado (06/07) o cargo de primeiro-ministro interino do Egito, após ter sido nomeado pelo novo presidente, Adly Mansur, segundo um porta-voz da oposição.

Khaled Dawoud, da organização não-islamita Frente de Salvação Nacional, disse que ElBaradei fará o juramento do cargo ainda na noite de hoje, no Palácio Presidencial.

Por sua parte, Hosam Moanis, porta-voz da Corrente Popular liderada pelo líder nacionalista de esquerda Hamdin Sabahi, confirmou a nomeação de ElBaradei, que retirou no último momento sua candidatura nas eleições presidenciais realizadas no ano passado, vencidas por Mohamed Mursi, deposto no último dia 03 pelo Exército egípcio.

“Mohamed ElBaradei recebeu agora a incumbência do presidente de formar governo e começará consultas com as demais forças políticas para escolher a composição de seu gabinete”, disse Moanis.

Agência Efe

Mohamed ElBaradei se tornou grande opositor de Hosni Mubarak quando voltou ao Egito, em 2010

Mansur ofereceu o cargo a ElBaradei, líder do partido Al Dustur (A Constituição), nesta tarde em reunião no Palácio Presidencial do Cairo. O movimento “Tamarrud” (Rebelião), que iniciou os grandes protestos contra Mursi, já o havia nominado seu representante nas negociações de transição com os militares. 

A notícia veio no momento em que milhares de partidários de Mursi se concentravam em Nars City, um distrito do Cairo, e em outros locais do Egito para reforçar seu pedido de que o presidente deposto volte ao poder.

ElBaradei, que ganhou o prêmio Nobel da Paz em 2005 por seu trabalho na Agência Internacional de Energia Atômica, voltou ao Egito em 2010 e se tornou um proeminente opositor do então presidente Hosni Mubarak no período que antecedeu o levante popular que o derrubou. 

Oposição

Tanto a Irmandade Muçulmana quanto o partido salafista Al Nour declararam-se contra a nomeação de ElBaradei para o cargo de primeiro-ministro interino do Egito. Em comunicado em seu site, a Irmandade disse considerar sua designação um “prêmio” por seu “papel no planejamento do golpe”. 

O porta-voz do Al Nour, Tareq Hassan, por sua vez, declarou que “o partido não foi informado. Nós tínhamos combinado que a nomeação do primeiro-ministro deveria ser por acordo e tínhamos apresentado como candidatos [os ex-primeros-ministros] Kamal al Ganzouri e a Abdelaziz Hegazi pela grande experiência que têm em assuntos de governo”.