As vendas de novos carros da Tesla caíram quase para a metade (45%) em janeiro na Europa, segundo dados divulgados na terça-feira (25/02) pela Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis. As quedas foram maiores na França e Alemanha.
A fabricante que produz veículos elétricos vendeu cerca de 9 mil unidades no mês passado na Europa, apontando uma queda em relação ao mesmo período de 2024.
Na Alemanha, país que abriga a única fábrica da Tesla na Europa, registrou uma queda de 59,5%, enquanto que na França as vendas caíram 63%.
Especialistas debatem para tentar compreender possíveis causas para a queda. Porém, campanhas contra a compra de carros da marca vêm se multiplicando desde que Elon Musk, fundador e maior acionista da empresa, se posicionou ao lado da extrema direita, primeiro nos Estados Unidos e depois na Alemanha.
Uma reportagem do jornal britânico Guardian também mostra que entre os atuais proprietários de veículos da Tesla há uma parcela descontente com as posições assumidas por Musk.
O estrategista digital Mike Schwede, por exemplo, ficou horrorizado quando o bilionário investiu milhões de dólares na campanha de Donald Trump. Ele se orgulhava de ser um dos pioneiros em conduzir um Tesla, símbolo de luta contra a crise climática, e o republicano prometia aumentar a produção e o uso de petróleo e gás.
‘Senti nojo e perdi o gosto pelo meu Tesla’
Mas o definitivo para Schwede foi ver Musk fazer um gesto que remeteu à uma saudação nazista. “Eu senti nojo e perdi o gosto pelo meu Tesla”, conta o empreendedor que vive e trabalha na Suíça. Ele pensou em vender o carro, mas, em vez disso, resolveu doar 10 centavos por cada quilômetro rodado para a caridade, sobretudo as que ajudam jovens LGBTQIA+ ou que combatem o extremismo da direita.
O alemão Patrik Schneider resolveu lançar uma linha de adesivos anti-Elon depois que foi vaiado por um estranho que apontava para a marca de seu carro em um posto de gasolina. As mensagens dos adesivos são “Elon é uma droga” ou “Comprei isso antes de Elon enlouquecer”.
Segundo ele, à medida que Musk se aprofundava no apoio ativo à ultradireita do partido Alternativa para a Alemanha (AfD), a demanda pelos adesivos disparou. Mesmo sem publicidade alguma, ele vende agora até 2 mil unidades por dia e não só para países de língua alemã, como também para a Austrália e Coreia do Sul.

Adesivo em carro Tesla informa: “Comprei isso antes do Elon Musk ficar louco”
Na Alemanha, duas empresas já eliminaram os carros Tesla de suas frotas pelas posições políticas de Musk. Foram elas a LickBlick e a rede de farmácias Rossmann. Esta última já o fez antes mesmo do bilionários se envolver na campanha eleitoral alemã apoiando a AfD.
‘Vai de zero a 1939 em 3 segundos’
Depois do gesto nazista de Musk, a britânica Led by Donkeys anunciou a mesma decisão e postou em suas redes sociais a campanha “Não compre um Tesla”. Ativistas londrinos também parodiaram a publicidade da empresa com um adesivo que inundou a cidade e os carros da marca que por lá circulam. Os adesivos dizem: “vai de zero a 1939 em 3 segundos”.
Na Polônia, onde a ocupação nazista matou 6 milhões de pessoas, o ministro do Turismo Slawomir Nitras pediu abertamente o boicote à Tesla.
Uma pesquisa feita na Holanda com mais de 26 mil usuários da plataforma EenVandaag, que ajuda a interpretar notícias, indicou que 30% dos 432 usuários de um carro Tesla querem se livrar do veículo ou já o fizeram. “Musk está abusando do seu poder. Se eu soubesse como ele é agora, jamais teria comprado um Tesla”, diz um dos que responderam à pesquisa.
A pesquisa da plataforma também revelou que muitos usuários do Twitter resolveram abandonar a rede social depois que Musk a comprou e rebatizou de X. Figuras públicas holandesas e contas corporativas não querem ter mais seu nome associado à plataforma.
Abandono também a rede X
Quase metade dos antigos usuários da rede informaram que já fizeram isso ou pretendem fazê-lo. Justificaram dizendo que, sob Musk, o X virou um “meio tóxico, odioso” e cheio de “conspirações”. Um antigo usuário que respondeu à pesquisa disse que “não queria contribuir para uma plataforma onde tanta desinformação e ódio são disseminados”.
Em menor escala, segundo a pesquisa, também se observa êxodo das plataformas controladas por Mark Zuckerberg. Um terço dos usuários declarou estar pensando em abandonar o Facebook e um quarto pensa sair do Instagram. Mas abandonar o WhatsApp, propriedade da Meta, recentemente comprada por Zuckerberg, não é uma opção até que surja uma alternativa adequada.