Venezuela: com direita rachada, candidatos da oposição votam e incentivam participação civil nas eleições
Governadores e deputados não aderem ao boicote promovido por María Corina Machado e defendem maior adesão popular ao processo eleitoral
Em um contexto da direita dividida, vários candidatos da oposição realizaram seus votos neste domingo (25/05) na Venezuela, sem aderir ao boicote apelado pela deputada ultraliberal María Corina Machado.
A parlamentar, que integra a coalizão ultradireitista Plataforma Unitária, levantou um movimento sob o lema “Eu já votei em 28 de julho” – em referência à data do pleito presidencial de 2024 que reelegeu Nicolás Maduro – pedindo para que os eleitores se abstivessem da votação.
A mesma estratégia foi adotada nas presidenciais de 2018 e nas legislativas de 2021 em uma tentativa de descredibilizar o governo chavista. Entretanto, o método surtiu um efeito oposto, resultando em uma Assembleia liderada pelo chavismo e na consolidação de governos estaduais progressistas. Atualmente, a direita toma conta da administração de apenas quatro estados venezuelanos.
Ao longo da tarde de domingo, os candidatos oposicionistas que votaram, pediram participação civil como forma de alcançar o entendimento nacional, a reconciliação e a transformação política.
O candidato a governador do estado de Aragua, Luis Eduardo Martínez, foi um dos primeiros a ir votar na Escola Secundária Agustín Codazzi, onde estudou durante sua juventude. Ele apelou aos civis para que não fiquem em casa.
“Reafirmemos com nossa participação o desejo de viver em paz e garantir a convivência, a harmonia e a compreensão necessárias para seguir em frente”, disse, reafirmando também a importância da votação para a eleição de uma nova Assembleia Nacional.
Muy contento, emocionado más bien, por haber votado minutos atrás en el Liceo “Agustín Codazzi” #Maracay #Aragua donde me gradué de bachiller.
Que sea ahora la voluntad de nuestros pueblos y a partir de mañana a trabajar juntos por #Venezuela.#25Mayo pic.twitter.com/cGLBkw4mlK
— Luis Eduardo Martínez (@Luisemartinezh) May 25, 2025
Por sua vez, o candidato a deputado pela Aliança do Lápis, Antonio Ecarri, votou no município de Libertador, em Caracas. Ele destacou a velocidade do processo eleitoral e lançou um apelo direto contra a abstenção.
“Proteste votando! Não votar não é um ato de rebelião, é um tiro no pé, é suicídio”, disse. “A guerra é fácil de construir. A paz, por outro lado, requer sentar, discutir e conversar cara a cara. A Venezuela precisa se reunir novamente”.
¡Les pido a los venezolanos que protesten votando!✏️🇻🇪
🚨 No votar no es un acto de rebeldía, es un tiro en el pie, es un suicidio. 📋
📝 Voten, porque en el 2005 costó mucho, en el 2020 costó precisamente lo del 2024 y ahora pudiera ser hasta catastrófico. El país necesita más… pic.twitter.com/aw6zNq3o6u
— Antonio Ecarri A. (@aecarri) May 25, 2025
José Brito, candidato a governador do estado de Anzoátegui, votou e declarou que “não vamos permitir que a indiferença decida por nós”.
“A abstenção só beneficia aqueles que não querem mudanças. Hoje é a hora de levantar nossas vozes”, afirmou, acrescentando que o voto, independente do resultado, pode se tornar uma ferramenta para uma mudança real.
Lo que va a ocurrir en Anzoátegui hoy, le va a dar la oportunidad a todo un país de recuperar la confianza en el voto y la posibilidad de lograr un cambio de verdad. 👏🏼 pic.twitter.com/7EchynopJB
— José Brito (@josebritoven) May 25, 2025
(*) Com Telesur