Quarta-feira, 11 de junho de 2025
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O Ministério de Relações Exteriores da Venezuela anunciou nesta quarta-feira (30/10) a convocação do encarregado de negócios do Brasil em Caracas, Flávio Macieira, para prestar esclarecimentos.

Segundo o comunicado assinado pelo chanceler venezuelano Yván Gil, a diplomacia venezuelana pretende usar o encontro para manifestar o seu “mais firme repúdio” às declarações do diplomata Celso Amorim, assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para assuntos internacionais, que o país vizinho trata como responsável pelo que considera como o uma postura “rude e intervencionista” por parte do Brasil contra a Venezuela.

A chancelaria da Venezuela alega que Amorim se comporta “como um mensageiro do imperialismo norte-americano”, ao emitir “juízos de valor sobre processos que só correspondem aos venezuelanos e às suas instituições democráticas”.

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O argumento refere tanto ao fato de o Brasil não reconhecer os resultados das eleições presidenciais venezuelanas, realizadas em 28 de julho e vencidas pelo presidente (agora reeleito) Nicolás Maduro, como também pelo episódio em que os diplomatas brasileiros lideraram a delegação do país na 16ª Cúpula do BRICS, realizada há uma semana na cidade russa de Kazan, no qual foram responsáveis pelo veto que impediu a adesão da Venezuela como país parceiro do bloco.

A delegação brasileira foi liderada pelo chanceler brasileiro Mauro Vieira – o presidente Lula cancelou sua viagem à Rússia dias antes, devido a um acidente doméstico.

Reprodução vídeo
Celso Amorim e Nicolás Maduro, durante reunião bilateral no Palácio de Miraflores, sede do governo venezuelano

De forma quase simultânea, a Presidência da Venezuela anunciou que chamou seu embaixador em Brasília, Manuel Vadell, “imediatamente” de volta ao país.

A convocação do encarregado de negócios brasileiro em Caracas e o chamado a retorno do embaixador venezuelano em Brasília acontecem no mesmo dia em que o presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Jorge Rodríguez, anunciou que o Parlamento irá declarar Amorim como ‘persona non grata’ no país.

Ao anunciar a moção contra o assessor especial de Lula, Rodríguez disse que, em uma visita que Amorim fez recentemente à capital venezuelana, ele “parecia mais um enviado do conselheiro dos Estados Unidos” que do Brasil.

A frase fez alusão a Jake Sullivan, membro do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, que Caracas alega ter tido vários encontros com Amorim às vésperas das eleições presidenciais na Venezuela.