A ministra da Justiça venezuelana, Carmen Meléndez, afirmou que o colombiano apontado como responsável pelo assassinato do deputado chavista Robert Serra e sua companheira, o paramilitar Leiva Padilla Mendoza (conhecido como “El Colombiano”), será extraditado para a Venezuela “em poucos dias”.
Prensa Miraflores
Material divulgado pelo governo venezuelano pedindo a captura de Leiva Padilla Mendoza, “El Colombiano”
“A chancelaria e os demais organismos estão realizando todos os procedimentos para trazer ‘El Colombiano’ para a Venezuela”, afirmou a ministra neste domingo (09/11) durante a Grande Bicicletada pelo Desarmamento. Meléndez, que chefia a pasta de Relações Interiores, Justiça e Paz, assegurou que “não haverá impunidade” e também reafirmou: “Faremos justiça” não só neste caso, mas em “qualquer crime que seja cometido no país”.
Leia mais: Venezuela se defende na ONU e diz ter compromisso com direitos humanos
Após o assassinato de Robert Serra e Maria Herrera, em 1º de outubro, 10 pessoas foram presas e outras quatro têm ordem de captura. Três delas receberam o alerta vermelho da Interpol (Organização Internacional da Polícia Criminal).
Entre os detidos, está Edwin Torres Camacho, chefe da escolta do deputado chavista, que confessou às autoridades detalhes do planejamento do assassinato, elaborado, segundo ele, ao longo de três meses.
Imagens de uma câmera de segurança, divulgadas pelo governo, mostram seis homens entrando e saindo da casa de Serra. A gravação revela que eles permaneceram na residência por 11 minutos:
O ato foi apontado desde o começo das investigações como crime político disfarçado de delinquência comum. Em pronunciamento à população, o presidente Nicolás Maduro apontou “El Colombia”, chefe da organização paramilitar Los Colombia, como o acusado de ser o mentor do ato — ele teria, segundo Caracas, coordenado a quadrilha que levou a cabo o assassinato. O chefe de Estado também comunicou, na ocasião, que o suspeito já estava sendo procurado pelas autoridades colombianas e venezuelanas.
“El Colômbia” foi capturado em Cartagena, na Colômbia, na última sexta-feira (07/11). Em meados de outubro, o governo venezuelano, após investigações, afirmou que o crime havia sido realizado por oito pessoas vinculadas ao grupo paramilitar Los Colombia.
NULL
NULL
Outras denúncias
Maduro afirmou à época, que a morte de Serra estava inserida em um contexto mais amplo no cenário venezuelano. O episódio, segundo o governo, teria relações com: as ações violentas iniciadas no país em fevereiro, o assassinato do então prefeito do município de Libertador Eliézer Otaiza em abril e a captura de Loreth Gómez Saleh, que supostamente coordenava um plano denominado “A Saída” para derrubar o governo do país. Caracas acusa Saleh de ter vinculação com o ex-presidente da Colômbia (e atual senador) Álvaro Uribe. Segundo o governo venezuelano, Uribe teria ligações com grupos paramilitares,.
Agência Efe
Maduro disse que “paramilitar colombiano dirigiu todo o processo de preparação do crime de maneira meticulosa”
Em outra série de denúncias, investigações realizadas pelo governo mostraram que células paramilitares infiltradas no país planejavam assassinar o presidente do Congresso, Diosdado Cabello, três dias após Serra. Além disso, diligências da investigação afirmam que o ministro da Educação, Héctor Rodríguez, também teria escapado, por pouco, de uma tentativa de assassinato após ter ficado “na mira de um franco-atirador”, como revelou o líder venezuelano em meados de outubro.
Quem foi Robert Serra
Advogado, Serra começou a carreira política como conselheiro juvenil e foi o fundador do Movimento Avançada Revolucionária, constituído por jovens.
Antes de assumir cargo público, foi dirigente estudantil. A primeira aparição pública que fez foi durante o primeiro debate de estudantes na Assembleia Nacional, em junho de 2007.
O discurso fez com que fosse convidado pelo então presidente Hugo Chávez a integrar a comissão presidencial do Poder Popular Estudantil, criada pelo mandatário no mesmo ano.
Em 2009, participou das eleições internas do partido para concorrer como candidato à Assembleia Nacional, sendo eleito deputado em 2010.
Serra teve ainda um importante papel na articulação entre a juventude do PSUV (Partido Socialista Unificado da Venezuela) com o Ministério para o Interior, Justiça e Paz, com o objetivo de trabalhar a questão da insegurança com o programa Mil Vezes Juventude.