O Supremo Tribunal de Justiça (TSJ) da Venezuela decretou nesta segunda-feira (23/09) um mandado de prisão contra o presidente da Argentina, Javier Milei, devido ao envolvimento deste na entrega de um avião da empresa venezuelana Emtrasur ao governo dos Estados Unidos.
A medida pede a extradição do presidente argentino para que seja processado na Venezuela pela suposta prática de sete crimes, incluindo roubo qualificado de uma aeronave venezuelana.
No mesmo processo, o TSJ ordenou a prisão de outras duas funcionárias do governo de Milei: a secretária da Presidência Karina Milei, irmã do presidente, e a ministra de Segurança Pública, Patricia Bullrich.
Em coletiva realizada nesta mesma segunda-feira, o procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, afirmou que a investigação contra Milei e as duas funcionárias argentinas analisa a possibilidade de que os envolvidos possam ter cometido outros crimes dentro do mesmo caso, incluindo lavagem de dinheiro, privação ilegítima de liberdade, interferência ilícita na segurança operacional da aviação civil.
Confisco, entrega aos EUA e desmantelamento
O caso pelo qual Milei se tornou alvo da Justiça venezuelana começa, na verdade, em junho de 2022, durante o governo do seu antecessor, Alberto Fernández (2019-2023).
Na ocasião, uma aeronave da empresa venezuelana Emtrasur pousou na Argentina e foi detida. Os 19 ocupantes do avião – entre os quais 14 eram venezuelanos e outros cinco eram iranianos – foram detidos pela polícia local, por suposto envolvimento com atos terroristas segundo informações enviadas pelo governo dos Estados Unidos.
Desde junho de 2022, o governo da Venezuela realizou diversos requerimentos pela libertação dos 19 ocupantes do voo, e consegue a sua absolvição em julho de 2023. Porém, o avião continuou sob custódia do Estado argentino.
Em dezembro de 2023, com a ascensão ao poder de Javier Milei, a Argentina passou a adotar uma diplomacia de alinhamento total com os Estados Unidos, e o avião venezuelano passou a ser um dos pontos prioritários dentro dessa nova postura.
Três meses depois, em fevereiro de 2024, o governo argentino autorizou a extradição da aeronave para Washington. O avião chega a terras norte-americanas no dia 12 de fevereiro, e desmantelado dias depois.
Versão dos EUA
O Departamento de Justiça dos Estados Unidos justificou a ação alegando que o avião pertencia anteriormente à Mahan Air, uma companhia aérea iraniana sancionada economicamente.
No entanto, o governo venezuelano e os órgão de Justiça do país sul-americano asseguram que as autoridades norte-americanas jamais apresentaram qualquer prova que pudesse sustentar sua versão.
Com informações de TeleSur.