Atualizada às 16h49.
O chanceler da Venezuela, Elías Jaua, afirmou neste sábado (06/07) que seu país espera a confirmação de que o ex-técnico da CIA e da NSA (Agência de Segurança Nacional norte-americana), Edward Snowden, quer se refugiar em seu país. Na última sexta, o presidente Nicolás Maduro anunciou que oferece asilo humanitário ao jovem, perseguido pelos Estados Unidos por vazamento de informações sobre seus programas de espionagem. A Bolívia e a Nicarágua também ofereceram asilo ao norte-americano.
“Estamos esperando a próxima segunda [08/07] para, em primeiro lugar, saber se ele ratifica sua disposição em se asilar na Venezuela”, disse Jaua à televisão estatal VTV, em Trinidad e Tobago, onde participou de uma reunião da Caricom (Comunidade do Caribe). O chanceler também afirmou que a Venezuela contatará o governo da Rússia para saber a posição deste país – onde Snowden se encontra desde 23 de junho, na zona de trânsito de um aeroporto – sobre o asilo humanitário.
Jaua disse ainda que Snowden já pediu formalmente asilo ao seu país, mas não houve “nenhum tipo” de comunicação com o ex-agente da CIA, mesmo após a oferta de Maduro. “Se este jovem Snowden, perseguido político por ter revelado o maior sistema de espionagem e controle da humanidade por parte de governo algum, solicitou formalmente, como já o fez, o asilo na Venezuela, nós temos a obrigação de avaliá-la, considerá-la e aceitá-la, como já ofereceu o presidente Nicolás Maduro”, expressou.
Agência Efe
O presidente Nicolás Maduro ofereceu asilo a Snowden, para que ele pudesse morar “na pátria de Bolívar e Chávez”
O vice-presidente venezuelano, Jorge Arreaza, disse por sua vez que a decisão de conceder o asilo a Snowden corresponde ao exemplo deixado por Hugo Chávez. “Como não dar [o asilo]? O que o comandante Chávez nos ensinou? Que temos que estender a mão, em primeiro lugar, ao que mais necessita. E ele é um perseguido desde todo ponto de vista e não temos como não dar, na pátria de [Simon] Bolívar, um espaço a alguém que está sendo perseguido por todas as grandes potências imperiais”.
Segundo Arreaza, o bloqueio ao avião do presidente boliviano Evo Morales, impedido de sobrevoar no espaço aéreo ou posar em alguns países europeus, pela suspeita de que Snowden estava a bordo, mostrou ao governo venezuelano a gravidade da perseguição contra o ex-técnico da CIA. “A Venezuela o faz porque nós sabemos da importância dos direitos humanos, porque nossa revolução é humanista, e acredita na verdade, e o que fez este Snowden foi difundir a verdade”, explicou, em entrevista à VTV.
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Em sua conta de Twitter, o presidente Nicolás Maduro reforçou a oferta de asilo, anunciada na noite de sexta-feira, durante um ato de comemoração da independência da Venezuela: “Ratifico o espírito humanitário de conceder asilo ao jovem Snowden para protegê-lo da perseguição mundial do império”, escreveu neste sábado, respondendo aos críticos da decisão: “A direita se arrasta ao apoiar a perseguição do jovem Snowden por parte do império que a financia, que triste papel são feitos a fazer”.
Já a Bolívia, que também se dispôs a conceder o asilo ao ex-agente norte-americano, caso este fosse solicitado, esclareceu que ainda não houve nenhum pedido formal para dar início aos trâmites de refúgio. “Não chegou nenhuma petição. O presidente Evo Morales expressou seu oferecimento por questões humanitárias, como a Venezuela e a Nicarágua também fizeram”, disse o chanceler do país, David Choquehuanca, à emissora estatal boliviana neste domingo.
Ontem, Morales disse que daria o asilo ao norte-americano como um “protesto justo” pelo bloqueio de seu avião em territórios europeus. “Se nos pede legalmente, vamos dar asilo para saber as informações que o governo dos Estados Unidos nos controlava, sem nenhum problema, companheiros e companheiras, que saiba todo o mundo”, garantiu, complementando que toma a decisão por “razões humanas”.