A Venezuela já instalou grupos de trabalho para agilizar a normatização do país aos requisitos e parâmetros do Mercosul, anunciou o presidente Hugo Chávez nesta última sexta-feira (10/08). Para Chávez, o processo não vai significar mudanças radicais. “As nomenclaturas venezuelanas são muito parecidas com a do Mercosul”, disse. As declarações foram feitas durante inspeção feita pelo presidente no canteiro de obras em Cidade Tiuna, um conjunto habitacional de 23 mil apartamentos que está sendo construído pela empresa chinesa Grupo Citic.
Uma comissão de peritos e integrantes do governo venezuelano começa neste sábado (11/08), em Montevidéu, no Uruguai, onde está a secretaria-geral do Mercosul, o trabalho de definição dos aspectos técnicos para a adequação da Venezuela ao bloco regional. O objetivo é acelerar o ritmo dos trabalhos para atender à expectativa de conclusão das tarefas até dezembro. O trabalho se estende até sexta-feira, dia 17.
“Estamos apenas começando um caminho que será longo e proveitoso. A Venezuela no Mercosul chegou a sua própria essência e dimensão geopolítica”, disse Chávez. A Venezuela, no entanto, tem até quatro anos para se adequar às regras do bloco. Além da adequação às regras, do cronograma estão em discussão as políticas de liberalização do comércio e o fortalecimento dos mecanismos de produção.
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A ministra do Comércio da Venezuela, Edmée Betancourt, disse que a nomenclatura do Mercosul envolve 10.032 códigos de tarifas. No caso da Venezuela, segundo ela, a adequação, devido aos produtos contidos na relação da Comunidade Andina de Nações, são 6.850 códigos tarifários. Paralelamente, está sendo negociado um programa de liberalização comercial com o Brasil, segundo a ministra.
Fundo
O presidente também anunciou um novo aporte no valor de US$ 6 bilhões na próxima semana para o Fundo de Financiamento Conjunto Chino-Venezuelano. O fundo está sendo utilizado principalmente na construção de apartamentos do programa governamental Missão Vivenda, que promete zerar o déficit habitacional na Venezuela até 2018. “O encarregado chinês de injetar US$ 4 bilhões é o Banco de Desenvolvimento da China. De nossa parte, com o Fonden (Fundo de Desenvolvimento Nacional), já disponibilizamos US$ 2 bilhões. Isso deve ocorrer na próxima semana de agosto”, afirmou Chávez.
O fundo foi criado em 2008 e já recebeu dois aportes de US$ 6 bilhões. Em maio deste ano, a Assembleia Nacional da Venezuela aprovou outra lei que autoriza mais um depósito chinês e venezuelano ao fundo. Com o próximo depósito, se somarão cerca de US$ 18 bilhões. Em contrapartida ao aporte chinês, a Venezuela compromete-se a enviar uma média de 200 mil barris de petróleo cru por dia para o país aisático.
“Uma parte da direita segue dizendo que presenteamos petróleo à China. Não presenteamos. É cooperação, sob o princípio do benefício mutuo”, exclamou o presidente. Afirmando que os Estados Unidos “não querem” fornecer aviões Hércules nem peças de reposição dos já existentes no país, o presidente também lembrou que vai receber um primeiro lote de aviões G8, provenientes da China. Pequim também foi responsável pelo lançamento do Satélite Simón Bolívar, de propriedade venezuelana, mas fabricado e lançado com tecnologia chinesa.
Suspeito norte-americano
Chávez também comentou sobre a prisão de um cidadão norte-americano na fronteira com a Colômbia que, segundo o governo, havia entrado em território venezuelano de forma ilegal. O presidente conversou por telefone com o ministro do Interior, Tareck El Aissami, e revelou que o homem “tem formação militar” e já confessou que já foi um “marine” (membro das Forças Armadas norte-americanas).
“Já esteve, nos seus movimentos migratórios, no Iraque, em 2006, no Afeganistão várias entradas desde 2004. Na Jordânia, 2007. Também no Reino Unido, Alemanha, (República) Dominicana e da Colômbia”, disse o presidente, lembrando que no momento em que foi detido o homem começou a rasgar um caderno de anotações. Segundo Chávez, várias folhas desse caderno foram recuperadas pelos militares venezuelanos.
Chávez recordou o caso do terrorista Franscico Chávez Abarca, preso em 2010, no Aeroporto Internacional Simón Bolívar e que confessou que viria para Venezuela “colocar bombas, para colocar os venezuelanos uns contra os outros”, lembrou. “Nos chama a atenção que, faltando poucas semanas para as eleições, ocorre isso”, suspeita Chávez.