O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, viaja ao Chile no domingo (04/08) para uma visita de Estado que contará com a assinatura de mais de 15 acordos bilaterais. No entanto, há expectativa de que o mandatário brasileiro discuta com seu homólogo chileno, Gabriel Boric, sobre a situação pós-eleitoral da Venezuela, embora não seja o foco principal de sua viagem.
O Ministério das Relações Exteriores sediado em Brasília revelou na quinta-feira (01/08) que o encontro entre os presidentes no Palácio de La Moneda, a sede presidencial chilena, tem como objetivo diversificar a parceria entre os países para além da agenda comercial, além de ampliar o leque de produtos brasileiros exportados. A comitiva desembarcará em Santiago às 20h (pelo horário local) de domingo.
“É mais do que natural que os presidentes falem sobre a região, especialmente na conversa privada, onde você conversa mais livremente sobre os temas do dia”, mas a agenda estará focada em assuntos bilaterais e “não inclui nada especificamente sobre a Venezuela”, destacou a embaixadora Gisela Padovan, secretária de América Latina e Caribe, durante uma coletiva de imprensa realizada no Palácio do Itamaraty.
“Repito, é natural que os presidentes conversem, mas não há previsão de qualquer manifestação ou comunicado conjunto” referente ao cenário venezuelano, acrescentou a embaixadora, ressaltando que a visita é um símbolo de reaproximação diplomática entre as duas nações após a posse de Boric, celebrada em março de 2022.
Questionada sobre a possibilidade do Brasil assumir a representação diplomática do Chile em Caracas, como fez com a Argentina, a diplomata disse que não tem nada a comentar a respeito.
De acordo com a secretária, trata-se de uma agenda bilateral que vai além dos temas econômicos e comerciais. Nesse sentido, inclui “assuntos como ciência e tecnologia, defesa da democracia e direitos humanos, educação, inovação e saúde”.
Um dos interesses do Brasil é em discutir com os chilenos questões envolvendo a indústria de defesa, uma área em que os países já possuem uma parceria histórica na fabricação de aeronaves. Além disso, na ampliação dos itens agropecuários exportados ao Chile, por exemplo, os óleos. Por parte do governo do Chile, o interesse se concentra em discutir aspectos relativos à segurança, combate ao crime, riscos de desastres naturais e segurança cibernética.
Além de ministros, assessores e outros integrantes do governo federal, cerca de 200 empresários brasileiros também deverão desembarcar em Santiago para participar do Fórum Empresarial Chile-Brasil, que ocorre concomitante à agenda presidencial.
Relação Brasil-Chile
Brasil e Chile já somam 188 anos de relações com mais de 90 acordos bilaterais em vigor. O Brasil é o terceiro maior parceiro comercial do Chile e o maior destino dos investimentos chilenos em todo o mundo, com exemplos nas áreas de celulose, varejo e energia.
Por outro lado, o Chile é o sexto maior destino das exportações do Brasil, que é o maior investidor latino-americano no país. O intercâmbio comercial entre os dois países atinge US$ 12 bilhões por ano.
(*) Com Ansa e Agência Brasil