O governo de Nicolás Maduro reuniu nesta quarta-feira (10/07) o corpo diplomático credenciado na Venezuela para alertar sobre supostos “planos violentos e desestabilizadores” que “procuram distorcer a vontade do povo” nas eleições presidenciais previstas para 28 de julho.
“Devemos denunciar ao mundo que as nossas eleições têm interferências de agentes externos, especialmente norte-americanos, que procuram distorcer a vontade do povo”, declarou o ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Yván Gil, durante o encontro marcado na chancelaria em Caracas, com diplomatas de vários países.
Gil citou, entre outros casos, a organização paramilitar colombiana conhecida como Autodefesas Conquistadoras da Sierra Nevada (ACSN) que, nos últimos dias, anunciou ter sido supostamente contatada por líderes da extrema direita venezuelana com o objetivo de matar o presidente Maduro e desestabilizar a política do país, assim como prejudicar o “bom andamento do processo eleitoral”.
O chanceler classificou as informações fornecidas pelos paramilitares, que apresentaram a denúncia ao afirmar “não se intrometer” nos assuntos internos de outros países, como “gravíssima”. Ressaltou ainda que o Ministério das Relações Exteriores venezuelano mantém conversa com o governo colombiano para realizar investigações sobre o caso.
“Vocês ficarão surpresos com as evidências que serão apresentadas, com a veracidade dessas informações e dos planos, que incluíam apelos para atacar o presidente Nicolás Maduro em manifestações de rua”, disse.
Na sexta-feira, o grupo paramilitar colombiano ACSN publicou um comunicado apontando que foram contatados pela extrema direita na Venezuela para desestabilizar o governo de Maduro, a poucos dias das eleições presidenciais.
Segundo a organização, os supostos líderes de oposição fizeram diversos pedidos, entre eles, atacar a infraestrutura elétrica do país e se infiltrar em protestos para agir contra Maduro em caso de reeleição.
Gil afirmou ainda ter observado a presença de robôs divulgando notícias falsas na mídia e nas plataformas digitais, evocando uma conspiração para ignorar os resultados das eleições presidenciais, manipulado supostamente pelo ex-embaixador Edmundo González Urrutia, candidato da oposição à Presidência e apoiado por Maria Corina Machado.
“Estão montando um plano para negar o resultado eleitoral”, acusou o chefe da diplomacia venezuelana, lembrando que González Urrutia não assinou o acordo do Conselho Eleitoral sobre os resultados do pleito.
Observadores na Venezuela
No dia anterior, o Painel de Especialistas Eleitorais da Organização das Nações Unidas (ONU) chegou a Caracas para acompanhar as eleições venezuelanas, previstas para daqui a duas semanas. Segundo o Ministério das Relações Exteriores do país, mais de 635 observadores estrangeiros já estão registrados para acompanhar o pleito.
Na terça-feira (09/07), os especialistas tiveram uma reunião com o chanceler para receber informações sobre o funcionamento técnico do sistema eleitoral. A ideia é que os enviados da ONU redijam um relatório sobre o andamento das eleições e que, por fim, o documento seja entregue ao secretário-geral na organização, António Guterres. O objetivo é incluir recomendações para “melhorar” as próximas eleições da Venezuela.
Ao grupo, composto por duas mulheres e dois homens, Gil destacou a “solidez e transparência do sistema eleitoral”.
“Tivemos uma reunião com o painel de especialistas eleitorais da ONU, que irá monitorar as próximas eleições presidenciais em 28 de julho. Durante a reunião, tivemos a oportunidade de destacar os pontos fortes do sistema eleitoral venezuelano, reconhecido mundialmente como um dos mais confiáveis e transparentes”, escreveu o chanceler em sua rede social.
Hemos sostenido una reunión con el panel de expertos electorales de la ONU que acompañarán las próximas elecciones presidenciales del 28 de julio. Durante este encuentro, tuvimos la oportunidad de resaltar las fortalezas del sistema electoral venezolano, reconocido a nivel… pic.twitter.com/QN6L62Ph1O
— Yvan Gil (@yvangil) July 9, 2024
Em nota, a ONU afirmou que a participação nas eleições venezuelanas está “em conformidade” com o acordo assinado em Barbados entre governo e parte da oposição em 17 de outubro de 2023. O texto definia que o pleito deveria ser realizado no segundo semestre de 2024 e contaria com missões de observação da União Europeia, do Centro Carter e da ONU.
A União Africana e a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) também participarão do pleito, enquanto o Centro Carter dos Estados Unidos divulgou um comunicado confirmando presença, mas que não vai avaliar os processos de votação e contagem. Serão avaliadas se as obrigações do país estão de acordo com a Constituição Nacional e se os direitos humanos estão sendo respeitados.
(*) Com Ansa e Brasil de Fato