O vice-presidente da Argentina, Amado Boudou, depôs nesta segunda-feira (09/06) por mais de cinco horas na Justiça argentina sobre um caso de corrupção em que é investigado por enriquecimento ilícito e supostas negociações incompatíveis com sua função pública. Pouco antes de entrar no Tribunal da região de Comodoro Py, em Buenos Aires, o primeiro na linha de sucessão presidencial do país afirmou que estava tranquilo com “a possibilidade de dizer a verdade e acabar com todas as mentiras”.
Ao sair do local, onde chegou às 11h (11h em Brasília) e só começou a depor às 15h, Boudou disse que só foram tratados aspectos “técnicos e jurídicos” da causa. “Vou ampliar minha declarações. Reservei questões políticas para a próxima [audiência]”, afirmou a jornalistas na saída do tribunal. Antes, a uma rádio local, o vice disse que a ação “está centrada em mim e eu tenho a verdade. É muito comovente receber o afeto e o reconhecimento do povo”, disse.
Efe
Vice-presidente argentino Amado Boudou chega a tribunal em Buenos Aires para depor após receber intimação no dia 30 de maio
Na semana passada, o vice-presidente havia pedido que sua declaração fosse televisionada pelo canal TN, emissora de oposição ao governo, mas teve a sua solicitação negada pelo juiz federal Ariel Lijo, que é responsável pelo caso. O advogado do réu, Diego Pirota, assinalou que Boudou pretendia gravar o interrogatório em áudio e vídeo, o que também foi rejeitado. O vice disse que colocará no Facebook a íntegra do depoimento.
Entenda o caso
Amado Boudou, foi intimado no dia 30 de maio pela Justiça do país. A princípio, a intimação exigia o comparecimento do político no dia 15 de julho, mas a audiência foi antecipada.
Efe
Simpatizantes do vice-presidente se manifestam a favor de Boudou em frente ao tribunal em Buenos Aires nesta segunda
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Junto a outros envolvidos, o réu precisa justificar a suposta participação na compra irregular de uma companhia chamada Ciccone Calcográfica, que imprime papel-moeda para o Estado. Boudou foi chamado para esclarecer se usou sua influência política para ajudar a empresa de impressão a sair da falência em 2010, quando era ministro da Economia, e se a comprou por meio de um fundo de investimento chamado The Old Fund.
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A investigação também questiona o fato de que o governo argentino expropriou a Ciccone em 2012, rebatizando-a de Companhia de Valores Sul-Americana, por “considerar de utilidade pública a confecção de cédulas”, segundo a Reuters. A oposição considera que a nacionalização da empresa tenha sido uma saída do governo para apagar as “provas do crime” e pediu a renúncia de Boudou.
Quando foi intimado, há cerca de duas semanas, o vice-presidente de 51 anos declarou que não renunciaria “de maneira alguma”, nem tirará uma licença de seu cargo no governo, pois é “inocente”. Trata-se da primeira vez que um vice-presidente do governo em exercício é chamado a prestar depoimento como acusado perante os tribunais na Argentina desde o retorno da democracia, em 1983.