Pessoas com sintomas da gripe suína
foram encontradas e hospitalizadas na França, Israel, Espanha e Nova
Zelândia. Com o aumento do número de casos, a Organização Mundial
da Saúde (OMS) passou a classificar os casos da doença como grau 3
de alerta epidêmico, que significa que existe “pouca ou muito
pouca transmissão do vírus de pessoa para pessoa”. O sistema
de alarme informa a ameaça de uma doença epidêmica, e tem seis
níveis.
A diretora geral da OMS, Margaret Chan, advertiu em
entrevista coletiva que o vírus tem um potencial pandêmico, ou
seja, há o risco dele se tornar uma doença recorrente nos países
onde se instalar. Os sintomas da doença, causada por uma mutação
do vírus H1N1 que passou a infectar humanos, são febre repentina e
superior a 39 graus, tosse, dor de cabeça intensa, dores musculares
e de articulações, irritação dos olhos e coriza.
Segundo
relatório lançado pelo Ministério da Saúde do México, até o
momento ocorreram 20 mortes em decorrência da doença, e há 81
mortes suspeitas. Mais de 1.300 pacientes foram internados com
sintomas da doença. Em função do perfil das vítimas, o principal
grupo de risco são as pessoas entre os 20 e 50 anos.
Mais
países afetados?
As autoridades da França examinam dois
casos suspeitos em pessoas recém-chegadas do México. O
diretor-geral do Ministério da Saúde, Didier Houssin acredita que
outros casos aparecerão em seu país, dados os elevados
deslocamentos entre França e México. As autoridades francesas
criaram um centro de crise no Ministério da Saúde para acompanhar a
evolução da situação. Além disso, o Instituto Nacional de
Vigilância Sanitária ativou um dispositivo de alerta para a
detecção, comprovação e tomada de medidas diante de novos casos
de infecção.
Um israelense foi internado neste domingo em
um hospital da cidade de Netânia, ao norte de Tel Aviv, após ter
voltado do México com sintomas de gripe. As autoridades sanitárias
do país ordenaram aos centros médicos que qualquer pessoa com
suspeita de gripe suína seja colocada em quarentena. O Ministério
de Assuntos Exteriores de Israel também publicou uma série de
recomendações higiênicas aos israelenses que se encontram no
México.
Na Espanha, três casos suspeitos foram detectados
nas localidades de Almansa (Albacete), Bilbao e Valência, de acordo
com informações da ministra da pasta, Trinidad Jiménez. As três
pessoas, que voltaram recentemente do México, permanecem internadas,
mas só daqui a 48 horas as autoridades poderão confirmar por qual
vírus elas foram infectadas. “Não estamos diante de uma situação
de emergência, mas de tranqüilidade”, disse Jiménez em
entrevista coletiva.
Na Nova Zelândia, um grupo de dez
estudantes do país pode ter contraído a gripe durante uma viagem ao
México. O ministro da Saúde da Nova Zelândia, Tony Ryall, disse à
imprensa local que ainda não há nenhum caso confirmado, mas os
exames preliminares aos quais os estudantes foram submetidos
detectaram a presença da cepa de origem animal H1N1. O grupo está em
quarentena desde o dia 25.
Incubação curta
Nos
Estados Unidos, as autoridades registraram mais casos de gripe suína
no estado da Califórnia, totalizando 11 pessoas contaminadas até o
momento no país. Uma das situações mais graves pode ser a do
colégio em Nova York, onde 75 estudantes, alguns dos quais viajaram
ao México recentemente, começaram ontem a sofrer enjôos, náuseas,
febre e dores. O Comissário de Saúde de Nova York, Thomas Frieden,
esclareceu que os estudantes têm sintomas leves e que não correm
risco de morrer. Segundo a médica Anne Schuchat, do Centro de
Controle e Prevenção de Doenças (CDC) norte-americano, “é
preciso estar preparado para o pior”. A situação é muito séria e
estamos muito preocupados”, disse Schuchat. “Seria fantástico
poder conter o vírus, mas não acho que podemos”, acrescentou a
diretora.
“Atualmente, podemos dizer com preocupação
que o vírus está se propagando de pessoa a pessoa, com um período
de incubação extremamente curto, de um, dois ou três dias. Não
sabemos se continuará se espalhando nessa velocidade”, disse
Frieden.
O presidente mexicano, Felipe Calderón, assumiu, por
decreto presidencial, o controle do estado de emergência de saúde.
O texto prevê que funcionários do Governo mexicano poderão entrar
em qualquer imóvel público ou privado do país como parte das
medidas estipuladas para fazer frente ao surto de gripe suína. O
decreto impõe também o isolamento físico dos possíveis
contagiados. Como medida de contingência no sul do país, foi
iniciado o programa “Caravanas da Saúde”, no qual 400
unidades móveis darão apoio contra a gripe suína.
Calderón
pediu tranqüilidade à população, pois assegurou que a doença
“pode ser prevenida e curada”. Mas ele reafirmou que as
pessoas não devem estar em lugares muito cheios e se cumprimentarem
com um beijo ou aperto de mão. O presidente também recomendou que
os mexicanos não se automedicassem para mascarar os sintomas da
gripe e que procurem os serviços médicos de forma imediata neste
caso.
Países em alerta
Vários Governos da Ásia e Oceania
declararam alerta perante a possibilidade de que o vírus chegue a
seus países. Na China, a Administração Estatal de Qualidade,
Supervisão e Quarentena emitiu um comunicado de emergência no qual
pede a qualquer pessoa procedente das regiões afetadas pela gripe
suína informe sobre qualquer sintoma da doença ao entrar na China.
Governo das Filipinas proibiu dia 26
a importação de produtos de porco procedentes dos Estados Unidos e
México. Além disso, as autoridades aeroportuárias têm ordens de
submeter a testes médicos todos os passageiros que cheguem dos EUA,
caso apresentem sintomas similares aos da doença, anunciou o
ministro da Saúde filipino, Arthur Yap. Na Rússia, o governo
anunciou a implantação de medidas especiais de controle nos
aeroportos para os passageiros provenientes da América do Norte.
O Brasil anunciou dia 25 a criação
de um gabinete de emergência integrado por representantes do
Ministério da Saúde, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa) e do Ministério da Agricultura. O governo esclareceu que,
por enquanto, não existe suspeita de gripe suína no país.
As tripulações das aeronaves
procedentes do México e dos EUA serão orientadas para que relatem
aos passageiros durante o vôo sobre os sintomas que caracterizam a
doença. Os viajantes que manifestarem os sintomas terão que se
apresentar nos postos da Anvisa nos aeroportos e, caso necessário,
serão conduzidos a hospitais. Segundo o Ministério, os passageiros
brasileiros que estiveram a caminho do México ou dos EUA também
receberão informações preventivas.
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