A visita de um grupo de senadores espanhóis à Venezuela provocou o descontentamento do governo do presidente Nicolás Maduro. Além do encontro com opositores ao chavismo, os espanhóis também pretendiam visitar Leopoldo López, que se encontra detido por suposta participação nos protestos violentos de 2014, além de outros políticos que estão presos no país, acusados de participação em protestos violentos ou tentativa de golpe contra governo.
O ato, no entanto, é entendido pelo governo como ingerência nos assuntos internos do país. Em declarações à TV multiestatal TeleSUR, Maduro disse ter “ânsia de vômito” diante do episódio e considerou ser uma “falta de respeito” o convite feito pela oposição venezuelana à “extrema-direita espanhola” para supostamente definir o rumo do país.
Agência Efe
Senadores e esposas dos políticos detidos esperam diante da prisão onde se enconta Ledezma
Mais enfático, disse ser “muito irritante que venha gente da Espanha para dizer à Venezuela o que devemos fazer. Isso me dá ânsia de vômito. Não precisamos que a extrema-direita do [premiê Mariano] Rajoy venha à Venezuela, 200 anos depois [de sua independência], dizer o rumo que devemos tomar”.
Em junho, uma comitiva semelhante de senadores brasileiros — encabeçada pelo ex-candidato à presidência do Brasil, Aécio Neves — esteve em Caracas, mas retornou ao país sem cumprir a agenda. Eles também pretendiam visitar López.
A visita dos políticos espanhóis a López estava prevista para hoje e, de acordo com os senadores, foi impedida por autoridades da penitenciária. Eles argumentam ainda que tinham uma autorização do Ministério do Interior da Venezuela para se encontrar com o preso. Eles também não conseguiram visitar o ex-prefeito Daniel Ceballos.
Agência Efe
Senadores espanhóis com familiares dos opositores presos e vítimas dos protestos no país
“Em relação ao resultado que as autoridades venezuelanas nos deram, quero dizer ao povo venezuelano e, sobretudo, aos dirigentes políticos que estão injustamente presos, que não vamos deixá-los nesta luta (…) que vamos continuar”, disse o senador Ander Gil, do PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol) a jornalistas.
Os senadores espanhóis, que chegaram a Caracas na última quarta-feira (22/07), visitaram Antonio Ledezma, em prisão domiciliar e se reuniram com parentes de políticos presos.
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O grupo é formado por Dionisio García, do PP (Partido Popular); Iñaki Anasagasti, do PNV (Nacionalista Basco); Josep Maldonado, do CiU (Convergència i Unió); e o uruguaio Pablo Mieres, do PI (Partido Independiente).
Espanha
Maduro aproveitou a oportunidade para criticar a chamada “lei da mordaça”, chamada por ele de “golpe contra a democracia” aplicado por Rajoy.
“A lei repressiva, a lei Franco, a lei da mordaça, proíbe que aqueles que são desalojados protestem contra seu despejo”, disse Maduro, que depois acrescentou textualmente: “É isso que eles chamam de democracia? Esse é o cancelamento da democracia, um golpe dado por Rajoy contra a democracia, em nome de Franco, com a lei da mordaça”.