A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, apresentou a lista dos 27 novos membros do órgão executivo da União Europeia nesta terça-feira (17/09).
Em seu segundo mandato, ela afirmou que o tema da emergência climática continuará como prioridade para a nova administração, ao lado de outras questões que despontaram nos últimos anos.
Partes da Áustria, República Tcheca, Hungria, Polônia, Romênia e Eslováquia foram recentemente inundadas em enchentes que deixaram ao menos 21 mortos.
O volume incomum de chuvas é atribuído por especialistas às altas temperaturas no Mediterrâneo, fenômeno associado às mudanças climáticas.
Já Portugal, a exemplo do Brasil, está ardendo em incêndios devastadores que se espalham com facilidade devido à seca e às altas temperaturas, consumindo também casas no centro e norte do país. Ao menos três brigadistas morreram enquanto combatiam as chamas.
“O domínio do tema [mudanças climáticas] ainda existe”, afirmou von der Leyen, citando as recentes enchentes e incêndios florestais na Europa, “mas desta vez, por exemplo, o tema da segurança, desencadeado pela guerra russa na Ucrânia, e o tema da competitividade têm muito mais impacto”.
Quem são os novos comissários?
A lista inclui o francês Stephane Sejourne como comissário de estratégia industrial, escolhido após a renúncia de Thierry Breton na segunda-feira.
O ex-ministro de assuntos europeus da Itália, Raffaele Fitto, foi escalado como comissário para coesão e reformas, e vai acumular ainda a função de vice-presidente da Comissão – apesar de rumores de que von der Leyen não se sentia à vontade com sua posição no governo de ultradireita da Itália.
A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, disse que a nomeação foi “um reconhecimento importante que confirma o novo papel central de nossa nação na União Europeia”.
Von der Leyen escolheu a ex-ministra espanhola do meio ambiente, Teresa Ribera, como comissária para a concorrência, além de lhe atribuir a função de vice-presidente executiva, supervisionando a transição do bloco para a neutralidade de carbono.
Andrius Kubilius, da Lituânia, ficou encarregado da recém-criada pasta da defesa, já que os países bálticos são vistos como cruciais para enfrentar possíveis ameaças da Rússia.
Kaja Kallas, ex-primeira-ministra da Estônia e crítica ferrenha da Rússia, ficou encarregada da política externa de alto nível.
A lista divulgada por Von der Leyen tem cerca de 40% de mulheres. Os nomes ainda precisam ser confirmados em votação no Parlamento Europeu.
Negociações difíceis
O anúncio da nova composição da comissão acontece um dia depois que Thierry Breton, da França, renunciou ao cargo de comissário do mercado interno da União Europeia.
Em uma carta inflamada, ele acusou von der Leyen de ter pedido a líderes, em Paris, que desconsiderassem seu nome para continuar no cargo “por motivos pessoais” que ela nunca discutiu diretamente com ele.
Breton chamou suas ações de “mais um testemunho de uma governança questionável” dentro da comissão.
Von der Leyen tem buscado um conjunto de comissários mais equilibrado em termos de gênero. No entanto, Paris nomeou Stephane Sejourne, ministro das relações exteriores francês que está deixando o cargo, para ocupar o lugar de Breton na Comissão Europeia.
Von der Leyen garantiu um segundo mandato em julho, quando o bloco dos verdes concordou em apoiá-la. A nomeação dos novos comissários também foi adiada devido a negociações prolongadas.
Além disso, apesar de solicitar aos Estados-membros que indiquem um homem e uma mulher para a comissão, a maioria dos países do bloco apresentou apenas um único candidato.