As críticas do candidato à presidência da Colômbia Óscar Iván Zuluaga à Venezuela, à Nicarágua e a outros países chamados por ele de “chavistas” estão provocando preocupação na Colômbia em torno do que poderá se tornar sua política externa diante de uma possível vitória no segundo turno das eleições, realizado neste domingo (15/06). Preocupação com “chavismo” já havia sido manifestada por ele em documentos vazados pelo Wikileaks em 2007.
Agência Efe
Óscar Iván Zuluaga é acusado de ter realizado espionado, por meio de sua equipe de campanha, os diálogos de paz com as FARC
Apesar de seu reconhecido alinhamento com os Estados Unidos, para conquistar o voto do eleitorado rural, o presidenciável se comprometeu a não assinar nenhum TLC (Tratado de Livre Comércio), se eleito. De acordo com as últimas pesquisas, Zuluaga, que venceu o primeiro turno das eleições, está tecnicamente empatado com o atual mandatário e candidato à reeleição, Juan Manuel Santos.
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Afiliado do ex-presidente e senador, Álvaro Uribe, Zuluaga é crítico da política desenvolvida por Santos, que desde 2011 vem desenvolvendo uma série de conversas com as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e recentemente anunciou o início de diálogos de paz com a segunda guerrilha do país, o ELN (Exército de Libertação Nacional). Esta postura é apontada como a principal divergência entre os concorrentes, mas há outras.
Política externa
Santos se reaproximou da Venezuela e tirou a Colômbia do isolamento diplomático em que vivia. “Há quatro anos estávamos à beira de uma guerra com a Venezuela e éramos a ovelha negra da região. Nos tratavam como párias. Hoje é totalmente diferente”, disse o presidente durante debate no primeiro turno das eleições.
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Para Zuluaga, no entanto, a Venezuela vive uma “ditadura”, onde não há “liberdade de expressão”, nem “garantias para a oposição”. O candidato tem posicionamento hostil também quanto à Nicarágua. Analistas colombianos avaliam que, pelo tom de suas declarações, sua vitória hoje poderá comprometer o relacionamento do país com os vizinhos.
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Documentos vazados pelo site Wikileaks em 2007 já apontavam a animosidade de Zuluaga com relação aos países “chavistas”. Em visita a Lima, onde participou de uma reunião do FMI (Fundo Monetário Internacional), quando era ministro da Fazenda, o uribista expressou “surpresa” pela quantidade de parlamentares alinhados com o ex-presidente venezuelano Hugo Chávez. “Não devemos permitir que instituições financeiras internacionais fomentem essa noção como principal narrativa nos círculos econômicos da América Latina”, disse.
Agência Efe
Eleitores de Santos pedem continuidade dos diálogos de paz realizados com as guerrilhas do país
Ele também pediu que o governo norte-americano garanta que a “economia internacional” reflita “o pensamento dominante na região que é o livre-mercado, o setor privado dirigindo o modelo econômico na oferta da melhor criação de emprego e melhorias no bem-estar social”.
Dúbia posição sobre o TLC
Zuluaga disse ainda que os Estados Unidos deveriam continuar sendo “o principal parceiro comercial da Colômbia”. Em outro documento, datado de 2008, ele enfatizou que a conclusão do TLC com os EUA era “extremamente importante para promover investimentos, aumentar a competitividade e construir uma fundação sólida para a criação de empregos e redução da pobreza na Colômbia”.
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Seis anos depois, como o TLC tornou-se impopular no país por os camponeses considerarem que as importações e o manejo da produção e investimento subordinado ao acordo prejudicaram os trabalhadores rurais — e diversas greves foram realizadas no país — Zuluaga afirmou, diante de uma plateia formada por agricultores, que se eleito, não vai firmar “novos tratados de livre-comércio”.
Mas, como afirmou a colombiana Karola Enriquez no Twitter, durante a campanha, os candidatos “colocam ruana (vestimenta típica) para pedir votos, amanhã a tiram para aprovar os TLCs”.
Hoy se ponen las ruanas para pedir votos, mañana se las quitan para aprobar los TLC. ¿Diferentes? #NiSantosNiZuluaga pic.twitter.com/8Kzhc136Fi
— Karola Enriquez (@KarolaEnriquez) 9 junho 2014