Xi Jinping pede que UE resista contra guerra tarifária de Trump ao lado da China
Declaração de presidente chinês ocorreu em reunião com premiê espanhol; bloco europeu estuda pressionar EUA para acordo comercial por meio de medidas contra big techs
O presidente da China, Xi Jinping, pediu nesta sexta-feira (11/04) que a União Europeia (UE) resista junto a Pequim contra a guerra tarifária imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Em reunião com o o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, em Pequim, Xi alertou para que ambos “cumpram suas responsabilidades internacionais, trabalhem juntos para proteger a globalização econômica e o ambiente de comércio internacional”.
Observando que tanto a China quanto a UE são as principais economias do mundo” e “firmes defensores da globalização econômica e do livre comércio”, Xi disse que os dois lados formaram uma estreita relação de simbiose econômica, com sua produção econômica combinada excedendo um terço do total mundial.
Isso não apenas salvaguarda os direitos e interesses legítimos da China e UE, mas também serve para manter a equidade e a justiça dentro da comunidade internacional, ao mesmo tempo que defende as regras e a ordem internacionais, disse Xi.
Por sua vez, Sánchez disse que a UE está comprometida com o comércio aberto e livre, defende o multilateralismo e se opõe a aumentos unilaterais de tarifas, reiterando que “não há vencedor em uma guerra comercial”.
Garantiu, assim, que a Espanha e o bloco europeu “estão dispostos a fortalecer a comunicação e a coordenação com a China para manter a ordem comercial internacional”.

Xinhua/Rao Aimin
UE contra big techs norte-americanas
Após o anúncio das tarifas de Trump, a União Europeia estuda formas de interromper a retaliação e chegar a um acordo comercial com Washington. O bloco enfrenta taxas de 10% em seus produtos nos EUA, além de 25% sobre seus carros e metais.
Segundo declarou a chefe da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, ao Financial Times, uma das alternativas para pressionar o republicano à negociação durante os 90 dias de trégua das taxas é introduzir um imposto sobre as receitas de publicidade digital, medida que atingiria as big techs norte-americanas.
De acordo com o periódico nesta sexta-feira (11/04), citando Henna Virkkunen, vice-presidente da Comissão Europeia responsável pela soberania tecnológica, a medida sugerida por Von der Leyen não pode ser considerada uma “barreira comercial”.
“Não estamos mirando especificamente em determinadas empresas, mas temos essa abordagem baseada em risco em todas as nossas regras”, afirmando que os impostos seriam impostos a empresas norte-americanas, ou mesmo europeias e chinesas.
Virkkunen disse ainda que o bloco “não vai alterar suas regras tecnológicas” para chegar a um acordo com Trump – algo que tem sido exigido pelo governo republicano.
“Estamos muito comprometidos com as nossas regras no que diz respeito ao mundo digital. Queremos garantir que o nosso ambiente digital seja justo, seguro e também democrático”, declarou Virkkunen em uma coletiva de imprensa.
Outras sugestões seriam impor multas e conduzir investigações antitruste contra empresas como Apple e Facebook, segundo o jornal britânico The Guardian. “Nosso objetivo nessas investigações e processos não é impor multas elevadas. Nosso objetivo é garantir que todas as empresas estejam cumprindo nossas regras”, disse a autoridade.
As declarações da representante europeia vêm após o principal assessor comercial de Trump, Peter Navarro, afirmar que a UE estava fazendo uma “guerra jurídica” contra as big techs norte-americanas ao usar “armas não-tarifárias”.
Grandes bilionários donos das empresas de tecnologia também se pronunciaram sobre a medida da UE. O CEO da Meta, que inclui o WhatsApp, Instagram e Facebook, acusou o bloco de “institucionalizar a censura”.
Neste contexto, o comissário de Comércio da UE, Maros Sefcovic, viajará para os EUA no próximo domingo (13/04) para uma nova rodada de negociações tarifárias com o governo Trump, segundo informou a agência de notícias italiana Ansa.
Em Washington, Sefcovic terá uma reunião na segunda-feira (14/04) com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick.
(*) Com Xinhua, e informações de Ansa e The Guardian
