Na modesta embaixada de Honduras em Manágua, o presidente deposto de Honduras Manuel Zelaya falou à imprensa logo após o presidente da Costa Rica, Oscar Arias, anunciar o fracasso da segunda tentativa de negociação para a crise no país centro-americano. Zelaya quis deixar claro que seu governo não rechaçou a proposta de Arias, o chamado “acordo de San José” e prometeu o retorno a Honduras amanhã (24).
Zelaya fala a jornalistas na embaixada de Honduras em Manágua – Mario López/EFE
“O acordo que me foi proposto hoje (ontem, 22) é quase o mesmo de sábado (18) e não houve nenhum avanço dos golpistas. Um acordo é firmado por duas partes e se os golpistas não querem assiná-lo, a negociação é um fracasso”, afirmou Zelaya.
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O presidente deposto confirmou que havia aceitado a proposta feita no final de semana na Costa Rica, mas frente o posicionamento do governo golpista de Roberto Micheletti, não houve como seguir com a negociação.
“Os golpistas seguem negando totalmente meu retorno ao cargo de presidente e continuam com sua intransigência e repressão no interior do país”, disse.
Retorno confirmado
Zelaya também confirmou que hoje (23) à tarde iniciará a marcha que culminará amanhã na fronteira da Nicarágua com Honduras. No entanto, a estratégia da caminhada ainda está sendo preparada e será comunicada em detalhes aos jornalistas que o acompanharão somente amanhã.
“Me acompanharão os jornalistas, minha esposa e meus filhos e se algo acontecer comigo, será de total responsabilidade dos militares de Honduras”, anunciou Zelaya.
O presidente hondurenho passou o dia de ontem conversando com presidentes centro-americanos e confirmou que a carta que enviou esta semana ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, chegou ao destinatário.
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A marcha chegará esta noite na cidade nicaragüense de Estelí e na sexta-feira a delegação deve se aproximar de uma das fronteiras com Honduras, mais ainda não se sabe qual.
Perguntado se sua marcha seria pacífica, Zelaya respondeu: “Saí desarmado do meu país, acompanhado somente da minha família e de vocês, jornalistas, que serão testemunhas do que acontecerá”.
Golpistas querem mais negociação
A comissão de diálogo de Roberto Micheletti declarou hoje que “Honduras segue aberta ao diálogo”. A mensagem vem um dia após o fracasso da segunda tentativa de negociações entre as duas partes da crise no país.
“Não queremos anistia, queremos a verdade”, afirmou Arturo Corrales, um dos membros da comissão de Micheletti.
O novo ministro das Relações Exteriores hondurenho, Carlos López, que também faz parte da comissão de Micheletti, disse que a restituição de Zelaya, proposta novamente por Arias, está fora das mãos do poder Executivo, “porque em Honduras existe uma separação de poderes”.
López acrescentou que a iniciativa de Arias apresentada hoje em San José às comissões de Zelaya e Micheletti será entregue aos três poderes de Honduras, para que determinem se o diálogo continua.
Para o ministro, aceitar o retorno de Zelaya como presidente seria “transgredir” a lei, algo que o líder deposto teria feito e pelo que foi acusado.
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