O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, vai se reunir hoje (9) com uma delegação do governo golpista, incluindo o presidente interino Roberto Micheletti, e exigir que deixe o poder nas próximas 24 horas. A reunião será em San Jose, capital da Costa Rica, e mediada pelo presidente costa-riquenho Oscar Arias – na foto acima, Zelaya chega a San Jose com a chanceler deposta, Patricia Rodas. O governo dos Estados Unidos, que já condenou o golpe, anunciou sanções contra Honduras.
Zelaya chamou Micheletti de “gorila” e prometeu que ele pagará por sua “traição”, em declarações à TV estatal chilena, Televisión Nacional de Chile. “São crimes que não prescrevem e responderá por eles . A história não vai perdoá-lo”, afirmou o presidente deposto.
O ex-presidente de Honduras Ricardo Maduro (2002-2006) se reuniu ontem em Washington com cerca de 20 congressistas norte-americanos para explicar, com a Constitução em mãos, os motivos do golpe contra Zelaya. Segundo ele, o presidente deposto é acusado de vários delitos e foi destituído por violar vários artigos constitucionais.
Referiu-se especificamente ao artigo 239, que estipula que “o cidadão que tenha desempenhado a titularidade do Poder Executivo não poderá ser presidente ou designado”. Ou seja, não pode se reeleger. “Quem descumprir essa disposição ou propor sua reforma, assim como quem o apoiar direta ou indiretamente, cessará de imediato o desempenho de seus cargo e ficará inabilitados por dez anos para o exercício de toda função pública”.
A oposição acusa Zelaya de querer reformar a Constituição para poder se reeleger, o que o presidente deposto nega.
Apesar das contradições e acusações, Oscar Arias diz acreditar numa solução pacífica e consensual. “Uma vez sentados à mesa, tem que se produzir o milagre de gerar muita confiança, ter humildade para entender que numa negociação nem sempre se consegue o que se quer”, disse o costa-riquenho, que ganhou o Nobel da Paz de 1987 por mediar o fim de conflitos na América Central.
O secretário-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos), José Miguel Insulza disse acreditar na mediação de Arias, que tem apoio da OEA, mas descartou uma intervenção direta em Honduras.
Insulza disse também que os governos da região não aceitarão uma solução que não inclua Zelaya no governo. A OEA, que expulsou Honduras em represália ao golpe de Estado, será representada na reunião de hoje pelo presidente da Costa Rica e por seu embaixador no Uruguai, o chileno John Biehl.
Leia mais:
Governo golpista anuncia saída de Honduras da OEA
Presidente de Honduras não aceita que golpistas antecipem eleição
Isolamento
Os Estados Unidos suspenderam os programas de ajuda militar de 16,5 milhões de dólares e de ajuda para o desenvolvimento ao governo interino de Honduras por causa do golpe de Estado, informou hoje a embaixada norte-americana no país.
Washington também alertou que novos fundos de ajuda a Honduras estimados em 50 milhões de dólares correm risco em 2009, bem como 130 milhões de dólares que são fornecidos para cumprir as Metas do Milênio estabelecidas pela ONU.
A ministra interina de Finanças, Gabriela Núñez, disse que a decisão dos EUA de suspender a ajuda militar e para o desenvolvimento de Honduras pode ser prejudicial para o diálogo entre as partes. “É realmente preocupante esta decisão dos Estados Unidos, pois afeta importantes projetos que estavam em marcha. É contraproducente para as negociações”.
Leia também:
Chávez suspende envio de petróleo a Honduras
Washington recusa reunião com governo golpista de Honduras
* Foto: Jeffrey Arguedas/EFE
NULL
NULL
NULL