O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, reiterou que pretende voltar ao seu país amanhã (23), apesar das ameaças de prisão do governo interino, e pediu aos Estados Unidos que intensifiquem as sanções contra os que tomaram o poder. Em declaração posterior, o presidente golpista de Honduras, Roberto Micheletti, pediu hoje (22) tranquilidade à população diante das declarações do governante deposto, Manuel Zelaya, de que já existe uma guerra civil no país e de que seu retorno ao território hondurenho é iminente. Protestos contra o governo golpista foram marcados para hoje, em Tegucigalpa.
Zelaya afirmou que enviou uma carta ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, pedindo que endureça as medidas contra Honduras.
A carta já foi enviada a Obama “para pedir que aperte suas medidas diretamente contra os que conspiraram nesse golpe e realizaram este golpe”, disse.
“O momento (do regresso) está aberto a partir de quinta-feira”, disse Zelaya ontem (21) a uma rádio de Honduras.
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Micheletti pede calma
“Peço tranquilidade à população, temos um Exército, temos uma Polícia e temos um povo pronto para enfrentar este tipo de situação”, disse Micheletti em entrevista coletiva na residência oficial da Presidência de Honduras.
Em declarações ao jornal argentino La Nación na embaixada hondurenha em Manágua, Zelaya previu fazer uma entrada “apoteótica” em Tegucigalpa e assegurou que a “guerra civil já começou em Honduras”.
Micheletti desmentiu que haja “uma quantidade incrível de mortos” ou que os direitos humanos dos cidadãos estejam sendo violados, como Zelaya teria falado, e chamou essas declarações de “uma mentira a mais”.
“Não é correto que há mortos nas ruas, haverá mortos pela onda de criminalidade que ele (Zelaya) nos deixou”, assegurou o novo presidente de Honduras.
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Manifestações
O secretário da Confederação Unitária de Trabalhadores de Honduras (CUTH), Juan Barahona, disse que uma nova mobilização em Tegucigalpa está prevista para hoje, desta vez com estudantes do ensino médio, que se concentrarão em frente ao Parlamento.
Manifestações em Tegucigalpa – Ulises Rodríguez/EFE (21/07/2009)
Acrescentou que todos manifestarão seu “apoio ao presidente (Zelaya) e que esperam não encontrar com a manifestação dos 'camisas brancas'”, como descreveu o grupo que apoia Micheletti.
Por sua parte, Jimmy Dacarett, da União Cívica Democrática (UCD), disse à Efe que amanhã espera reunir entre 40 mil e 50 mil pessoas, em uma mobilização que sairá da zona leste de Tegucigalpa para as proximidades do Estádio Nacional.
“A manifestação se chama 'Pelo patriotismo e pela coragem', porque, hoje, Honduras está lutando por sua democracia e pela do continente”, acrescentou Dacarett, que assegurou que não apoia o novo presidente Micheletti como pessoa, mas o governo que lidera.
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Economia sofre
Enquanto as manifestações acontecem em todas as regiões, Honduras já começa a sentir com mais força os efeitos econômicos derivados da crise política, depois da destituição de Zelaya no dia 28 de junho, segundo fontes do governo golpista e do setor privado.
Segundo o presidente do Conselho Hondurenho da Empresa Privada (COHEP), Amílcar Bulnes, o turismo e o setor de serviços foram muito afetados, mas a produção agrícola, industrial e o comércio se desenvolvem normalmente.
A ministra de Turismo do Governo de Micheletti, Ana Abarca, confirmou à Agência Efe que a crise “está afetando muito o setor”, embora não tenha precisado o valor das perdas.
O presidente da Câmara de Turismo de Honduras, Epaminondas Marinakys, calculou em 50 milhões de dólares as perdas mensais, em relação à receita de 600 milhões de dólares, proveniente do turismo em 2008.
A ministra de Finanças do governo Micheletti, Gabriela Núñez, disse que até o fim do ano se espera o desembolso de 100 milhões de dólares em ajuda internacional e que o país tenha um déficit fiscal de 4,2% do PIB (Produto Interno Bruto) e reservas internacionais de 2,4 bilhões de dólares.
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