Rindo pra não chorar. Foto por Yiie
Apesar de um crescimento econômico anual de cerca de 10% nas últimas duas décadas, os chineses não acreditam que a vida tenha melhorado tanto assim. Um estudo desenvolvido por pesquisadores da Universidade do Sul da California concluiu que, afinal, só crescimento econômico não aumenta os níveis de felicidade de uma população. “Muitos acreditam que o bem estar cresce junto com a economia, e que quanto mais rápido o crescimento, mais felizes as pessoas são. Não há lugar melhor do que a China para testar estas expectativas”, acredita Richard Easterlin, autor principal do estudo, segundo o site Mongabay. “Mas não há evidências de um real aumento na satisfação dos chineses na magnitude em que se poderia esperar, dado o gigantesco crescimento no consumo per capita no país. Na realidade, as pessoas em geral estão menos felizes, e a China passou de um dos países mais igualitários com relação à satisfação geral com a vida para um dos mais desiguais.”
De acordo com a pesquisa, 71% dos chineses mais ricos relataram altos níveis de satisfação, um pequeno aumento frente os 68% que responderam a mesma coisa em 1990. Porém, o contentamento da classe média se manteve estável, e a satisfação das camadas mais pobres da população caiu dramaticamente nas últimas duas décadas. Em 1990, 65% entre os mais pobres, que são a grande maioria da população chinesa, se disseram muito satisfeitos com a vida; hoje, somente 42% dizem o mesmo.
Easterlin acredita que o aumento do desemprego e a perda da segurança social podem ser responsáveis pelo declínio na felicidade dos pobres chineses. “Na vida há coisas mais importantes do que bens materiais, e esta é uma boa lição para o governo chinês e políticos em geral: entre a população chinesa, especialmente aqueles com menor acesso à educação e com salários mais baixos, emprego e renda estáveis, assistência de saúde acessível e de boa qualidade, e cuidados com as crianças e os idosos, são cruciais para o bem estar geral.” O pesquisador criou o “Paradoxo Easterlin”: uma vez que as necessidades materiais básicas são satisfeitas, o dinheiro não se relaciona diretamente com a felicidade. Na verdade, a renda relativa – quanto você ganha em comparação com as pessoas que estão ao seu redor – é um fator muito mais relevante na previsão da felicidade geral de um povo. Ou seja: a desigualdade social é bem mais importante do que o PIB. Santas palavras.
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Fonte: Mongabay
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