Mulheres, ou melhor, meninas, nos seus 20 e poucos anos cada vez mais se infiltram no mundo das garotas de programa de luxo. Uma das razões desse estilo de vida estar se tornando cada vez mais popular é o fato de permitir o acesso a boas faculdades, restaurantes caros, passarelas, baladinhas e festas do high society. Vestidas com suas melhores roupas de marca, elas saem com homens casados, solteiros, executivos, príncipes, sheiks e playboys por até R$ 3 mil a hora. De acordo com a reportagem da revista Tpm, esse mundo não é tão distante. Essas meninas podem ser suas colegas de faculdade ou amigas de sua filha.
Cena do filme “Uma linda mulher” de Garry Marshall
“As garotas escolhem os pratos de acordo com o preço, quanto mais caro, mais elas são valorizadas e ganham presentes bons”, diz Andressa*, uma delas. Andressa faz parte de um grupo de cerca de 300 garotas de programa que vivem em São Paulo. Elas são estudantes de enfermagem, profissionais de marketing, assistentes de dentista, entre outras ocupações. As meninas não seguem o estereótipo da garota de programa, não fazem o tipo “gostosona”. São muitas vezes magras, se vestem elegantemente, sem muita pele à mostra, não mentem o nome, nem negam beijo na boca aos clientes.
Nicolas*, executivo italiano e cliente fixo de Andressa, paga em euro – e um valor acima da média: 1.500 por hora. Por esse preço, ela até topa passar a noite numa suíte cinco estrelas que pode custar até R$ 22 mil. Além de Nicolas, ela tem um cliente fixo de 60 anos que paga R$ 10 mil para encontrá-la três vezes por mês. Parte desse dinheiro é usada por Andressa para pagar a faculdade de enfermagem.
“Vejo as garotas de programa como amigas que ajudo. É melhor do que ter uma amante, que pode começar a fazer cobranças”, explica Luciano*, 45 anos, casado, pai de dois filhos pequenos. Júnior*, um empresário de 32, enfatiza que a opção não tem a ver com estar mal no casamento: “Além da atração física, elas te elogiam, aumentam a autoestima. Por mais que o casamento seja maravilhoso, existem cobranças que com uma garota dessas não tem. Ela é só o lado bom”, confessa.
Além de uma vida confortável, a oportunidade de viagens para destinos no Brasil e no exterior, como Milão, Ibiza e Saint Tropez, é outro atrativo para as garotas. Mas para chegar a esses lugares elas têm que passar por uma seleção – primeiro por fotos, depois pessoalmente – feita por cafetinas, que muitas vezes são ex-garotas de programa que já passaram dos 30 anos. As exigências são objetivas: as garotas têm que ser bonitas, elegantes, animadas, ou seja, estar a fim de diversão. O pagamento, feito por um assistente particular do “gringo”, é em dinheiro.
O vício é no dinheiro que entra rápido. Andressa conta que comprou um imóvel com os R$ 100 mil que juntou em um ano (sem considerar gastos com contas mensais, roupas, baladas, restaurantes e viagens). Mas, para a psicanalista Diana Corso, coautora do livro Fadas no Divã e colunista do jornalZero Hora, não é só uma questão financeira. Ela acredita que toda mulher tem a fantasia de ser “puta”, de transar com vários homens, sem compromisso, e de ter certeza de que é desejada. “A garota de programa tem a garantia de que o cara a deseja, afinal ele está pagando”, analisa ela.
* Nomes fictícios
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