Desde 2007, a operação de distribuição de revistas no país está cada vez mais concentrada
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O mercado de distribuição de revistas ficou mais concentrado. Desde o dia 31 de maio, a ECSL (Estadão Comercial e Solução Logística), do Grupo Estado, que publica o jornal O Estado de S. Paulo, deixou de distribuir as revistas que não são editadas pela empresa. Com isto, publicações de editoras independentes tiveram sua distribuição prejudicada. Entre as empresas afetadas, estão a Escala, que publica as revistas Geo, Atrevida (feminina) e Atrevidinha (infanto-juvenil), e Última Instância, que publica a revista Samuel.
A decisão do Grupo Estado aprofunda ainda mais a situação de concentração criada em 2007 com a fusão das duas maiores distribuidoras de revistas do país, a Dinap e a Fernando Chinaglia — hoje, ambas são controladas pelo Grupo Abril. A fusão das duas distribuidoras foi aprovada pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) dois anos depois.
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Estima-se que atualmente a Treelog — braço logístico do Grupo Abril — controle cerca de 85% do mercado nacional de vendas avulsas. Entre bancas de jornais, revistarias, postos de gasolina, farmácias e gôndolas dos check-outs de supermercados, a Treelog abrange cerca de 30 mil pontos de varejo em mais de 2.600 municípios, envolvendo 205 distribuidoras regionais.
Durante os debates em torno da fusão, a existência da ECSL — que atualmente distribui o Jornal dos Concursos, Novo Emprego, Primeira Mão, Diário do Comércio — foi usada na defesa da Treelog, holding das distribuidoras do grupo Abril, como argumento em favor da fusão. As editoras que abriram o processo no Cade, entre elas a Editora Globo, a Editora Três, Escala e a Carta Editorial, argumentaram que o Grupo Estado, por meio da São Paulo Distribuição e Logística (atualmente responsável pela distribuição dos jornais do Grupo Estado e Grupo Folha na Grande São Paulo), até então, só distribuía jornais. A operação de distribuição de revistas pelo Grupo Estado passou a se fortalecer depois da união da Dinap com a Chinaglia.
Após o Grupo Estado acabar com o serviço de distribuição de revistas independentes, ficam ainda mais reduzidas as opções para que o público tenha acesso a revistas e outros produtos, como livros de bolso, fascículos, gibis e álbuns de figurinhas, que não passam pelo crivo do grupo Abril.
* Texto publicado originalmente no portal de notícias jurídicas Última Instância
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