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Para filha de embaixador morto em 1979, pai foi assassinado após anunciar que denunciaria corrupção em Itaipu

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Após golpe militar, orçamento de projeto inicial do consórcio brasileiro e paraguaio com a multinacional alemã Siemens saltou de 1,3 bilhão para 13 bilhões de dólares; 'meu pai ia fazer essa denúncia', conta filha de José Jobim

Isabel Harari e Stefano Wrobleski | Agência Pública

2015-03-18T21:36:00.000Z

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Wikimedia Commons

Usina Hidrelétrica de Itaipu, construída por Brasil e Paraguai entre 1975 e 1982

Em novembro de 2014, o Instituto João Goulart encaminhou denúncia ao MPF- RJ sobre a morte do embaixador José Jobim em 1979. O documento alega que agentes da ditadura assassinaram o político, que declarara publicamente estar escrevendo um livro de memórias no qual denunciaria o esquema de corrupção na construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu. Jobim iniciou sua carreira como jornalista mas logo enveredou para a diplomacia. Foi embaixador do Brasil no Paraguai, Equador, Colômbia, Argélia, Vaticano, Malta e no Marrocos.

Leia também: Laços entre empreiteiras e governo brasileiro se estreitaram durante ditadura, diz pesquisador

O diplomata foi enviado em fevereiro de 1958 para a embaixada do Brasil em Assunção, no Paraguai, sendo responsável pelas negociações para a construção da hidrelétrica binacional. Em 1964, viajou novamente ao país vizinho para articular a compra de turbinas russas para a construção do megaempreendimento. A parceria com a União Soviética, que estava sendo negociada há tempos, foi cancelada por conta do golpe militar e o consórcio brasileiro e paraguaio comprou os equipamentos da multinacional alemã Siemens. O orçamento do projeto inicial “Sete Quedas” saltou de 1,3 bilhão para 13 bilhões de dólares.

Para a advogada Lygia Jobim, filha do embaixador, a declaração de Jobim na posse do presidente Figueiredo, no dia 15 de março de 1979 em Brasília, tem relação direta com sua morte: “Lá, não sei o porquê, ele teve a infelicidade de mencionar que estava escrevendo as suas memórias e que ia fazer essa denúncia. Meu pai sabia demais. Ele voltou pro Rio de Janeiro e, menos de uma semana depois, foi encontrado morto”, conta.

O volume 3 do relatório da Comissão Nacional da Verdade, “Perfis de mortos e desaparecidos políticos”, apresenta o caso de José Jobim. No texto há a indicação do superfaturamento da obra, que foi descrito pelo Coronel Alberto Carlos Costa Fortunato no livro A Direita Explosiva no Brasil, publicado em 1996. “Conhecem a história sobre o aumento de 23% no custo de Itaipu? Pois o negócio foi o seguinte: lá pelas tantas, o governo paraguaio pretendeu (mais adequado seria dizer que condicionou) um aumento de 23%. Os representantes brasileiros articularam um conchavo e combinaram o seguinte: vocês topam aumentar em 46% (metade para cada um)? Então, como o governo do Paraguai sabia que somente o Brasil pagaria a conta, fechou negócio. Quer dizer, pagamos 46% a mais pelo custo da obra. Tudo o que faltava dali para a frente foi reestudado e aumentado. Quem sabia essas coisas não podia fazer nada ou estava com o rabo preso”.

José Jobim foi sequestrado no bairro do Cosme Velho em março de 1979 e encontrado morto dois dias depois, na Barra da Tijuca. As circunstâncias da morte do embaixador são incongruentes – desde a distância entre os bairros até a disposição da cena na qual Jobim foi encontrado. Na época, o delegado Rui Dourado (o mesmo que ajudou o ex-embaixador Manoel Pio Corrêa a montar o  Ciex – Centro de Informações do Exterior, órgão de espionagem da ditadura) alegou suicídio.

“Os policiais da 9ª delegacia do Catete [responsável pela investigação do caso] comentavam entre si que o meu pai poderia ter se suicidado. E não tinha nem corpo, como eles estavam falando em hipótese de suicídio?”, questiona Lydia. “Ele saiu de casa depois do almoço dizendo à empregada o que queria jantar – coisa que um suicida não vai fazer”, aponta. As investigações foram infrutíferas.

Para Lygia, dada a proximidade de Jobim com Itaipu, o embaixador sabia sim de esquemas de sobrepreços nas obras. Segundo ela, havia em sua casa uma mala que continha a documentação comprobatória do esquema – pouco tempo depois da morte de seu pai “a mala sumiu, desapareceu”. “A caixa preta de Itaipu deve ser uma coisa monstruosa”, diz. “Em Itaipu foi gasto 20 vezes mais concreto do que no Eurotúnel. Ali realmente a corrupção deve ter corrido solta. Essa caixa preta tem que ser aberta. Isso tem que aparecer”.

 

Matéria originalmente publicada no site da Agência Pública.

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Constituinte no Chile

'Base de um Chile mais justo', diz presidente da Constituinte na entrega de texto final

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Ao cumprir um ano de debate, Convenção Constitucional encerra trabalhos com entrega de nova Carta Magna a voto popular

Michele de Mello

Brasil de Fato Brasil de Fato

São Paulo (Brasil)
2022-07-04T21:39:54.000Z

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Aconteceu a última sessão da Constituinte chilena nesta segunda-feira (04/07) com a entrega de uma nova proposta de Constituição para o país. 

"Esta proposta que entregamos hoje tem o propósito de ser a base de um país mais justo com o qual todos e todas sonhamos", declarou a presidente da Convenção Constitucional, María Elisa Quinteros. 

Após um ano de debates, os 155 constituintes divulgaram o novo texto constitucional com 178 páginas, 388 artigos e 57 normas transitórias.

O presidente Gabriel Boric participou do ato final da Constituinte e assinou o decreto que convoca o plebiscito constitucional do dia 4 de setembro, quando os chilenos deverão aprovar ou rechaçar a nova Carta Magna.

"Hoje é um dia que ficará marcado na história da nossa Pátria. O texto que hoje é entregue ao povo marca o tamanho da nossa República. É meu dever como mandatário convocar um plebiscito constitucional, e por isso estou aqui. Será novamente o povo que terá a palavra final sobre o seu destino", disse.

No último mês, os constituintes realizaram sessões abertas em distintas regiões do país para apresentar as versões finais do novo texto constitucional. A partir do dia 4 de agosto inicia-se a campanha televisiva prévia ao plebiscito, que ocorre em 4 de setembro. 

Embora todo o processo tenha contado com ampla participação popular, as últimas pesquisas de opinião apontam que a nova proposta de constituição poderia ser rejeitada. Segundo a pesquisa de junho da empresa Cadem, 45% disse que votaria "não", enquanto 42% dos entrevistados votaria "sim" para a nova Carta Magna. No entanto, 50% disse que acredita que vencerá o "aprovo" no plebiscito de setembro. Cerca de 13% dos entrevistados disse que não sabia opinar.

Reprodução/ @gabrielboric
Presidente da Convenção Constitucional, María Elisa Quinteros, e seu vice, Gaspar Domínguez, ao lado de Gabriel Boric

"Além das legítimas divergências que possam existir sobre o conteúdo do novo texto que será debatido nos próximos meses, há algo que devemos estar orgulhosos: no momento de crise institucional e social mais profunda que atravessou o nosso país em décadas, chilenos e chilenas, optamos por mais democracia", declarou o chefe do Executivo. 

Em 2019, Boric foi um dos representantes da esquerda que assinou um acordo com o então governo de Sebastián Piñera para por fim às manifestações iniciadas em outubro daquele ano e, com isso, dar início ao processo constituinte chileno.

Em outubro de 2020 foi realizado o plebiscito que decidiu pela escrita de uma nova constituição a partir de uma Convenção Constitucional que seria eleita com representação dos povos indígenas e paridade de gênero.

"Que momento histórico e emocionante estamos vivendo. Meu agradecimento à Convenção que cumpriu com seu mandato e a partir de hoje podemos ler o texto final da Nova Constituição. Agora o povo tem a palavra e decidirá o futuro do país", declarou a porta-voz do Executivo e representante do Partido Comunista, Camila Vallejo.

A composição da Constituinte também foi majoritariamente de deputados independentes ou do campo progressista. Todo o conteúdo presente na versão entregue hoje ao voto público teve de ser aprovado por 2/3 do pleno da Convenção para ser incluído na redação final.

Com minoria numérica, a direita iniciou uma campanha midiática de desprestígio do organismo, afirmando que os deputados não estariam aptos a redigir o novo texto constitucional. Diante dos ataques, o presidente Boric convocou os cidadãos a conhecer a fundo a nova proposta, discutir de maneira respeitosa as diferenças e votar pela coesão do país, afirmando não tratar-se de uma avaliação do atual governo, mas uma proposta para as próximas décadas. 

"Não devemos pensar somente nas vantagens que cada um pode ter, mas na concordância, na paz entre chilenos e chilenas e pela dignidade que merecem todos os habitantes da nossa pátria", concluiu o chefe de Estado.

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