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Prevenir violência contra as mulheres exige desconstrução cultural, defendem especialistas

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Tema será debatido durante I Seminário Internacional Cultura de Violência Contra as Mulheres, que acontece no Brasil nos dias 20 e 21 de maio em São Paulo e reunirá especialistas, feministas e representantes de organismos internacionais

Tatiana Merlino | Agência Patrícia Galvão

2015-05-19T14:51:00.000Z

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Feminismo contra Machismo / Flickr CC

O agressor está dentro de casa. Quando a questão é violência contra as mulheres, é este o cenário mundial: o maior risco de agressão não vem de estranhos, mas sim de conhecidos, frequentemente familiares e maridos. “Embora essa não seja o tipo de violência que se ouça nas notícias, mulheres são comumente mais vítimas de abuso sexual, físico e emocional cometidos por pessoas de suas relações. E quase não há exceções a essa regra”, afirma Lori Heise, professora titular da London School of Hygiene & Tropical Medicine, onde dirige o Centro de Gênero, Violência e Saúde.

Para Lori, a violência de gênero tem origem nas relações de poder baseadas no gênero, sexualidade e instituições sociais. “São estruturas e crenças que temos nas nossas culturas que perpetuam a violência”, aponta.

A especialista internacionalmente reconhecida no tema da violência por parceiro íntimo estará no Brasil nos dias 20 e 21 de maio, quando participará do I Seminário Internacional Cultura de Violência Contra as Mulheres, promovido pelo Instituto Patrícia Galvão e pelo Instituto Vladimir Herzog. O encontro reunirá especialistas, feministas e representantes de organismos internacionais, de países como Argentina, Estados Unidos e Inglaterra, em São Paulo. A proposta é debater e pensar em propostas para combater a cultura de violência contra as mulheres, buscando elaborar um pacto global para ações nesta frente.

Reprodução de papeis

“Fala-se pouco de cultura da violência e uma das questões do seminário é abrir um campo de reflexão e instigação das pessoas sobre o que provoca a violência e como podemos combater essa cultura que está introjetada em todos nós, que é permissiva e, ao mesmo tempo, reprodutora desses papeis rígidos para homens e mulheres, provocando mais violência”, afirma Ana Flávia D’Oliveira, médica, pesquisadora e professora do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).

Pesquisas realizadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e divulgadas em novembro de 2014 apontam que uma em cada três mulheres no mundo é vítima de violência conjugal. Em todo o mundo, entre 100 e 140 milhões de mulheres jovens e adultas sofreram mutilações genitais, 7% das mulheres correm o risco de serem vítimas de violência sexual e cerca de 70 milhões de meninas casaram-se antes dos 18 anos.

Geração de violência

Estudos indicam que a perpetuação da violência tem muitas causas. A OMS, por exemplo, explica Ana Flávia, assim como inúmeras pesquisadoras, “trabalha com um modelo que a gente chama de modelo ecológico de geração da violência. Nela, há círculos concêntricos definindo fatores dos indivíduos, tanto das vítimas quanto dos agressores, da qualidade da relação entre eles, do meio social, do círculo mais íntimo dessas pessoas, da comunidade, do país ou da sociedade onde eles vivem”.

Os círculos mais alargados são relativos à comunidade, à sociedade. “Os fatores que estão lá dizem respeito à legislação, normas culturais, desigualdade entre homens e mulheres em termos de participação política, acesso à informação, de nível salarial”, cita a médica.

Tais fatores gerais se relacionam com fatores individuais, aponta a pesquisadora, que podem ser desencadeadores de violência, como ter sofrido violência na infância, testemunhado abusos em família, assim como o uso de substâncias como álcool e cocaína.  “Se você vive numa sociedade onde o divórcio é proibido às mulheres, ou a separação das mulheres de seus parceiros é uma transgressão, ou moralmente condenável na sociedade, é mais difícil para as mulheres que estão em situação de violência conseguirem sair dela. Mas ao mesmo tempo se você está numa relação em que tem abuso de álcool e drogas, também. Se há os dois fatores juntos, ainda pior”, exemplifica.

Desconstrução

Para além do debate sobre os fatores que determinam a perpetuação da cultura da violência, o seminário pretende discutir como desconstruir tal cultura. “Aos poucos estamos começando a mudar nosso foco de salvar mulheres individualmente para pensar como criar uma cultura de não violência”, explica Lori Heise.

Para eliminar a violência de gênero, sustenta a professora, é necessário eliminar a violência contra crianças. “Uma das coisas que vemos em todo o mundo é que homens que perpetuam violência também foram alvo dela na infância, ou testemunharam violência contra seus pais e, assim, tiveram mais risco de repetir o padrão por ensinamento social”.

No Brasil, as agressões contra mulheres têm sido punidas com o suporte da Lei Maria da Penha, sancionada em 2006. A professora da FMUSP acredita que a lei representa uma profunda mudança cultural no país, mesmo que ela ainda não tenha sido completamente implementada – já que equipamentos especializados na aplicação da lei ainda não estão completamente acessíveis no extenso território nacional, “e, muitas vezes, mesmo quando estão, são operados por operadores do direito que ainda reproduzem a cultura da violência, apesar da lei”.

“A lei é muito conhecida, debatida e um marco da não aceitação da violência para a população em geral, tem um efeito simbólico sobre mulheres e homens e é usada pelas mulheres como argumento e ameaça nas discussões”, destaca.

Entre experiências positivas na desconstrução da cultura da violência, Ana Flávia destaca o projeto Image, realizado em Uganda, na África, onde foi feita uma intervenção para reduzir transmissão de HIV e violência por parceiro íntimo fazendo microcrédito para as mulheres.

Outra iniciativa que considera positiva é a Patrulha Maria da Penha, implementada em Porto Alegre, “que também foi muito bem sucedida no sentido de evitar a morte de mulheres, fazendo uma patrulha preventiva para as mulheres que já tem medida protetiva. Além de evitar que as mulheres morram, tem um componente cultural. A mensagem que se passa para toda a comunidade é que a violência é inaceitável e que a polícia está lá para coibi-la”.

 

O evento

O I Seminário Internacional Cultura de Violência Contra as Mulheres é realizado em parceria com a Fundação Ford, Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República e a ONU Mulheres. Confira a programação: www.scovaw.org

Serviço

Dias 20 e 21 de maio – 9 às 18 horas

Auditório do Sesc Pinheiros (Rua Pais Leme, 195 – Pinheiros)

Transmissão ao vivo: www.scovaw.org

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Eleições 2021 no Equador

Arauz: ‘Este é um revés eleitoral, mas, de maneira alguma, uma derrota política ou moral’

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Candidato progressista pediu união e disse que os quase 4 milhões de votos que recebeu são um “mandato” para defender políticas que promovam justiça social

Redação Opera Mundi

São Paulo (Brasil)
2021-04-12T02:48:00.000Z

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O candidato progressista à Presidência do Equador, Andrés Arauz, reconheceu na noite deste domingo (11/04) a derrota no segundo turno das eleições no país para o direitista Guillermo Lasso. Para ele, no entanto, o resultado – uma diferença de cinco pontos percentuais – não é uma “derrota política ou moral”.

“Este é um revés eleitoral, mas de maneira alguma, é uma derrota política ou moral. Porque nosso projeto é de vida, é uma luta pela construção de um futuro mais justo e solidário para todos os equatorianos”, disse. “Hoje, não é um final, é o começo de uma nova etapa de reconstrução do poder popular.”

Ele pediu união dos equatorianos. “A partir de hoje, temos que voltar a ser só um Equador. Que viva o Equador. Nas campanhas, discutimos e propusemos com convicção, e buscamos nos diferenciar. Claro que lutamos por valores distintos, mas, hoje, chegou o momento de avançar. Temos que ter pontes e construir consensos”, afirmou.

Arauz disse que os quase 4 milhões de votos que recebeu são um “mandato”. “São um mandato, um compromisso de defender políticas que acompanham e promovam justiça social, a dignidade e a saúde pública e, em definitivo, o futuro dos equatorianos”, disse.

Reprodução
Arauz agracedeu o apoio dos equatorianos e pediu união ao país

O candidato, que era apoiado pelo ex-presidente Rafael Correa, lembrou que sua coalizão política, a União pela Esperança (Unes), é a mais forte do país. “Estaremos atentos ante qualquer tentativa de usar o estado para benefício de poucos privilegiados. Estaremos, como sempre fizemos, defendendo as grandes maiorias, o povo digno, o povo equatoriano.”

Arauz disse que ligaria para o presidente eleito, a fim de cumprimentá-lo pelo sucesso eleitoral, e falou que é um “ator responsável e democrático” no Equador.

“Após estas declarações, realizarei uma chamada telefônica ao senhor Guillermo Lasso, o felicitarei pelo triunfo eleitoral obtido no dia de hoje e o mostrarei nossas convicções democráticas, de poder seguir aportando ao desenvolvimento do país quando se trata de beneficiar a maioria do nosso povo e de nos opor, construtiva e responsavelmente, quando se busque simplesmente atender a privilégios. Nós somos um ator responsável e democrático no Equador”, afirmou.

Assista, na íntegra, ao discurso de Arauz:

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