“A minha mãe eu recrutei para a ALN. Fez curso de guerrilha e de enfermagem de guerra em Cuba. Ela sabia atirar, sabia fazer uma bomba, falsificar um documento. E em 1972, quando pouca gente voltava para o Brasil, ela veio clandestina para cuidar dos nossos feridos aqui.”
O relato é de Carlos Eugênio Paz, codinome Clemente, ex-comandante militar da ALN (Ação Libertadora Nacional), que, por dever da cadeia hierárquica da organização de resistência à ditadura militar, teve a responsabilidade— “antifreudiana”, como ele próprio descreve — de dirigir a própria mãe. “Depois trabalhei muito isso nos meus anos de terapia” comenta Clemente, com descontração, sobre a “companheira” Maria da Conceição Sarmento da Paz, codinome “Joana”.
Assista também às duas primeiras partes da entrevista com Carlos Eugênio Paz:
O dia em que a luta armada descobriu que Cabo Anselmo era um traidor
Campanha pelo voto nulo em 1970 foi a grande vitória da luta armada na ditadura, diz ex-guerrilheiro
Em entrevista exclusiva — no terceiro vídeo da série sobre o ex-guerrilheiro —, Carlos Eugênio Paz comenta também sobre a relação com o pai, que, inclusive, o motivou a voltar ao Brasil ainda clandestino em 1981, dois anos após a lei de 1979 e um anos antes de receber oficialmente a anistia do Supremo Tribunal Federal.
O comandante Clemente falou também do papel da sociedade civil e, em particular da Igreja, nos anos da redemocratização — ele prefere “reconquista” —, além de sublinhar que a reformulação da esquerda no mundo passa por um debate sobre como lidar com a questão do poder.
Assista ao trecho da entrevista:
* Colaboraram Vitor Sion, Felipe Amorim, Rodolfo Machado, Laisa Beatris e MHG. Edição do vídeo de Dodô Calixto.
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Opera Mundi TV
Carlos Eugênio Paz, codinome Clemente, comandante militar da ALN (Ação Libertadora Nacional)