Mercado de trabalho abre espaço para quem tem mais experiência e dificulta entrada de jovens
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As pessoas com 50 anos de idade ou mais estão conquistando cada vez mais espaço no mercado de trabalho. Essa parcela da população saltou de 16,7% dos indivíduos ocupados no Brasil em 2003 para 22% em 2011, aponta a PME (Pesquisa Mensal de Emprego) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Ao todo, os ocupados somam 22,5 milhões.
David Tadeu Morettini, mestre em administração de empresas e especialista em recursos humanos, aponta que, entre outros fatores, o aumento da proporção desta faixa etária entre a população ocupada se deve à mão de obra pouco qualificada no mercado de trabalho brasileiro. “Com isso, as pessoas com mais experiência e, logo, mais idade, conseguem prorrogar sua carreira por já estarem treinadas.”
Das quase 5 milhões de pessoas ocupadas nesta faixa etária nas regiões metropolitanas, cerca de 2 milhões estão no mercado de trabalho de São Paulo, 1,4 milhão no Rio de Janeiro e 527 mil em Belo Horizonte. Ao todo, esse número é 36,4% maior que o da população ocupada entre 18 e 24 anos, que soma apenas 3,1 milhões de jovens.
Essa diferença, segundo Denise Delboni, doutora em administração de empresas e especialista em recursos humanos, deve-se ao prolongamento da carreira de indivíduos mais velhos, geralmente de baixa renda, mantidos no mercado por causa de sua experiência. “Isso acaba impedindo pessoas jovens, entre 18 e 24 anos, de conseguir emprego”, diz. E completa: “Os jovens de baixa renda, geralmente, não são qualificados, e têm dificuldades em competir com os mais velhos, vistos como mais vantajosos pelas empresas.”
Mas a população mais velha também traz outras vantagens. “Ela está mais aculturada ao mercado de trabalho e mais comprometida, até porque precisa do emprego”, aponta Delboni.
Desde 2003, aumenta a participação de indivíduos acima de 50 anos na distribuição de pessoas em idade ativa. Há oito anos, essa faixa populacional era de 23,3%, passando para 30,1% em 2011. Uma alta que pode ser explicada, além da insatisfação com a aposentadoria, pela necessidade de empreender para permanecer no mercado.
As regiões metropolitanas do Rio de Janeiro (33,7%), Porto Alegre (30,1%) e São Paulo (29,5%) possuem a maior porcentagem desta população entre os indivíduos em atividade. No número geral, São Paulo tem quase cinco milhões de pessoas nesta faixa e o Rio de Janeiro, 3,5 milhões.
* Texto publicado originalmente na revista CartaCapital
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