Foto por gnuckx
Todo ano, o dia 15 de maio marca o Nakba (“desastre” ou “catástrofe”, em árabe), quando mais de 700 mil palestinos fugiram ou foram expulsos de suas casas para o estabelecimento do Estado de Israel. No site The Electronic Intifada, há um mapa interativo com informações sobre cada uma das mais de 400 cidades e vilas palestinas evacuadas e destruídas durante o Nakba, a limpeza étnica da Palestina por forças sionistas e israelenses, do fim de 1947 até 1948.
As comemorações deste ano focaram no apoio aos prisioneiros palestinos detidos pelas autoridades israelenses. Mais de 1500 prisioneiros vinham fazendo greve de fome há semanas, exigindo um fim às prisões administrativas e a melhora das condições carcerárias, e na noite do dia 14 Israel anunciou que iria atender a algumas das exigências dos prisioneiros.
Mais de mil palestinos e ativistas internacionais protestaram hoje nas proximidades da Prisão Militar Ofer, nos arredores de Ramallah, a maior manifestação na Cisjordânia. Segundo o site +972, a maioria dos manifestantes eram jovens, que usaram estilingues para atirar pedras nos soldados israelenses, jogaram coqueteis Molotov e queimaram carros na tentativa de se aproximar da prisão. Os soldados atiraram balas de metal revestidas com plástico e gás lacrimogêneo e fizeram uso da “arma gambá”, um líquido de odor repugnante usado para dispersar protestos. Mais de 200 manifestantes ficaram feridos e tiveram que receber atendimento médico.
O protesto não teria sido convocado por nenhuma organização formal, e os cidadãos palestinos e seus apoiadores teriam se manifestado espontaneamente. O adolescente Ehad Khile, de 18 anos, falou ao site +972 que ele e seus amigos protestavam por uma “obrigação coletiva”. “Tenho que manifestar apoio ao meu povo hoje”, disse ele. Dahlia Hamayel, uma estudante do ensino médio, afirmou estar ali “porque queremos deixar claro que mesmo que muitos anos tenham-se passado, nós estamos fartos. Estamos aqui para mostrar aos soldados que a vida deles não vai ser fácil enquanto eles continuarem com a ocupação.”
Várias outras manifestações aconteceram nos territórios ocupados, como na praça Al-Manara, em Ramallah, onde milhares de palestinos ocuparam a praça central; na Tumba de Raquel, em Belém; no bairro de Issawiya, em Jerusalém Oriental; e na cidade de Gaza.
Nos últimos dias, autoridades israelenses expressaram o temor de que algum prisioneiro em greve de fome viesse a perecer, o que poderia causar revoltas e protestos nos territórios ocupados. Na noite do dia 14, Israel negociou um acordo com os palestinos, prometendo acabar com o confinamento solitário e melhorar as instalações prisionais. Mas a principal questão que causou as greves de fome – a prática disseminada de detenções administrativas pelas autoridades israelenses – continua sem solução.
Leia mais sobre o dia do Nakba e veja as fotos dos protestos no site +972.
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