Pela segunda vez na história do Mundial de Futebol, o Brasil é o país anfitrião do maior evento esportivo do planeta. Talvez a principal diferença entre o torneio de 1950 e o de 2014 esteja no alcance e na instantaneidade com que bilhões de pessoas acompanham os jogos, resultados e fatos relacionados à Copa.
Ao mesmo tempo em que o futebol e as Copas ganharam cada vez mais adeptos e torcedores, maior passou a ser a cobertura da mídia do evento que acontece a cada quatro anos. No caso do Brasil de 2014, são cerca de 20 mil jornalistas de todos os cantos do mundo relatando, fotografando e mostrando o que acontece no país.
A Samuel, agora em sua versão eletrônica, também dedica o período da Copa a trazer o que a mídia independente do Brasil e do mundo vem registrando sobre o antes, o durante e o depois do evento, seus participantes e espectadores. Textos e vídeos postados diariamente darão a medida dos diferentes olhares e observações que irão marcar o cotidiano dos 32 países representados no evento.
Veja todo o material do especial Samuel na Copa:
A intimidade dos brasileiros com a essência do futebol
Seleção australiana tem música oficial gravada por cantora pop
“Allez les bleus! Viva l'Algérie!”
Pikachu pega carona na seleção japonesa
Honduras: onde o futebol explica a sociedade
Um amor tão grande pela Itália
Somos gigantes, somos fortes, somos os nigerianos
Ludovic Péron/Wikipedia
Cristiano Ronaldo: ele conquistou quase tudo que um futebolista profissional sonha obter, menos a Copa para Portugal
É difícil ter um ano melhor do que o que Cristiano Ronaldo está tendo. Para início de conversa, embora o prêmio se referisse à sua performance em 2013, ele recebeu em janeiro o Ballon d'Or (prêmio oferecido ao melhor futebolista do mundo) pela segunda vez (já o havia ganho em 2008).
Ele também marcou inacreditáveis 31 gols para o Real Madrid nesta temporada da La Liga, além de obter mais um troféu do European Golden Shoe (seu terceiro), dado ao maior artilheiro europeu, título que ele compartilhou com Luis Suárez, do Liverpool.
Mas a diversão não acabou por aí para Ronnie e Los Blancos, enquanto ele liderava o time rumo ao título da Champions League, quebrando os recordes do torneio com 17 gols ao longo do campeonato.
No âmbito internacional, ele também pareceu brilhante, marcando oito gols para Portugal no processo de qualificação para a Copa do Mundo, o que inclui todos os quatro gols marcados nas duas eliminatórias contra a Suécia, que impediram a seleção sueca de participar da Copa. Em seguida, em um amistoso contra Camarões, em março, marcou dois gols e, assim, tornou-se o maior artilheiro da história de seu país, com 49 gols.
Questão incômoda
Fora dos estádios, a “Forbes” o nomeou o mais bem pago jogador de futebol do mundo, a revista “Time” o listou entre as 100 pessoas mais influentes, e ele estampou a capa da revista Vogue com sua namorada, a supermodelo Irina Shayk, onde ele, surpreendentemente (Ok, talvez isto não seja tão surpreendente), aparece usando menos roupa do que a moça.
Um belo ano até agora, não? Eu diria que ele conquistou quase tudo o que um futebolista profissional – e, talvez, qualquer pessoa – poderia sonhar em obter.
Quase. Existe aquela incômoda questão da Copa do Mundo.
E, vamos combinar, jogadores mundialmente conhecidos, como Ronaldo, a despeito de seus feitos nos clubes em que jogam, sempre serão julgados (justa ou injustamente) com base naquilo que fazem no maior palco futebolístico mundial. Isto talvez se aplique mais a Ronaldo do que a qualquer outro jogador, tendo em vista o país que ele representa.
Sim, Pepe e Fábio Coentrão (que são seus colegas de equipe no Real Madrid) são excelentes zagueiros, e Nani não seria empregado pelo maior time do mundo, o Manchester United, se não fosse talentoso. No entanto, quando se trata de marcar gols, é difícil imaginar quem alguém de “CR7” poderia fazer isso de maneira consistente. É por isso que muitas sobrancelhas (inclusive a minha) se levantaram quando Portugal – uma equipe cujo sucesso depende tão pesadamente de um jogador – ocupou a terceira posição nos rankings pré-Copa do Mundo da FIFA, atrás apenas de Espanha e Alemanha.
Isto, é claro, nos leva a perguntar: quão longe Cristiano Ronaldo pode levá-los.
Rankings
Já se viram exemplos, no esporte, de jogadores individuais que, atuando como feras, carregaram seus times sozinhos por muito tempo, e certamente Ronaldo fez algo similar por Portugal durante as eliminatórias, mas será que ele seria capaz de fazer isso jogo após jogo, na Copa do Mundo? A resposta é, simplesmente, não. Bem, Ok, provavelmente não.
No ranking da FIFA das equipes participantes do mundial, Portugal aparece com 2,26 no índice que mede tanto a eficiência geral da equipe quanto uma estimativa de quantos gols ela marcará contra um time internacional mediano, o que coloca os portugueses na posição número 17, dentre as 32 seleções participantes. A distância em relação à terceira posição fornecida pela FIFA é grande.
No entanto, o ranking também apresenta Portugal como tendo 47,7% de chance de avançar para as oitavas de final. A posição, após a Alemanha, com 91,13%, dá a eles a segunda melhor avaliação do grupo G. Possivelmente, ficando logo atrás da Alemanha, suas esperanças em avançar dependem da capacidade da equipe ao enfrentar os Estados Unidos (19) e Gana (22).
Os bons ventos para Portugal parecem parar por aqui, no entanto, já que sua chance de chegar às quartas de final cai significativamente para 23,64%. Isto dá a eles a décima quarta melhor avaliação, dentre as 16 equipes restantes.
Portanto, por mais triste que isso seja, parece que a passagem do melhor jogador do mundo pela Copa do Mundo não durará muito. Aproveite enquanto durar.
Tradução Henrique Mendes
Texto originalmente publicado em numberFire, plataforma analítica que avalia o desempenho de diferentes modalidades esportivas e seus participantes.
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