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Saúde

Casos de hepatite aguda em crianças na Europa e nos EUA colocam médicos em alerta

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Nenhum dos cinco vírus de hepatite conhecidos foi encontrado nos exames de sangue; médicos descartam relação com covid ou vacinas

Sébastian Seibt

RFI RFI

Paris (França)
2022-04-21T15:29:19.000Z

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Uma onda de casos de hepatite em crianças tem preocupado as autoridades sanitárias da Europa e dos Estados Unidos. Dezenas de crianças foram diagnosticadas em cinco países com quadros agudos da doença desde o início de abril. A causa ainda é um mistério: nenhum dos cinco vírus de hepatite conhecidos foi encontrado nos exames de sangue.

"Muito estranho", "extremamente surpreendente" ou "incomum e preocupante". Estas são as palavras usadas por virologistas e pediatras entrevistados sobre o aparecimento, há quase um mês, de casos de inflamação no fígado de crianças pequenas que, em certos pacientes, levaram à necessidade de um transplante de fígado.

As primeiras infecções ocorreram no início de abril na Escócia. Na sequência, outras crianças foram diagnosticadas em outros locais do Reino Unido. No total, foram registrados cerca de 80 pacientes, com idade entre 22 meses e 13 anos, de acordo com a Agência de Saúde e Segurança do Reino Unido.

Desde então, outros casos de hepatite infantil foram relatados na Espanha, na Dinamarca e na Holanda, conforme informou o Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças. Nos Estados Unidos, ao menos nove crianças doentes estão sendo tratadas no estado do Alabama.

Até o momento, os especialistas não sabem qual seria a causa dos casos de hepatite infantil. Os exames não identificaram a presença de nenhum dos vírus de hepatite conhecidos, de A a E.

Hepatite aguda muito rara em crianças

O número de infecções parece pequeno, mas foi o suficiente para alarmar a OMS (Organização Mundial da Saúde). A organização lançou um alerta para que outros países fiquem atentos a casos similares, o que pode levar ao aumento do número de pacientes nos "próximos dias".

A gravidade dos casos é o que tem chamado a atenção dos especialistas. "A hepatite é uma condição bastante rara em crianças e estes são casos agudos, o que é ainda mais raro", disse Will Irving, virologista da Universidade de Nottingham.

Frequentemente, a hepatite é causada por práticas muito distantes do mundo infantil, como o consumo excessivo de álcool, a transmissão sexual, ou o compartilhamento de agulhas no uso de drogas. Além disso, a doença tem muitas vezes sintomas leves, como febre, diarreia, dores no estômago e pele amarelada.

No entanto, nos casos diagnosticados nesta onda “quase todas as crianças tinham fígados muito danificados", diz Will Irving.

Em ao menos seis casos, as crianças tiveram de se submeter a um transplante de fígado, situação muito rara, destaca Graham Cooke, especialista em doenças infecciosas do Imperial College London.

Essa hepatite tem uma causa, por enquanto, tratada como "misteriosa", já que nenhum dos vírus conhecidos da hepatite foi encontrado nos exames dos pacientes.

Além disso, também não foram identificados fatores ambientais comuns que pudessem explicar a doença, como o consumo de alimentos contaminados ou a exposição a certas substâncias tóxicas.

A distribuição geográfica dos pacientes, nos dois lados do Atlântico, reduz ainda mais as chances de encontrar uma explicação ligada a um fator local.

Elo improvável com a covid-19

Devido à pandemia, os especialistas estudam a hipótese de uma relação com o vírus da covid-19. "Poderia ser um efeito ainda desconhecido da última variante ômicron, ou só agora estamos percebendo, após dois anos, que a covid-19 pode causar hepatite em algumas crianças", resume Alastair Sutcliffe, pesquisador em pediatria da University College of London.

No entanto, os especialistas estão céticos quanto a essa possibilidade. Primeiramente, porque várias das crianças afetadas não tiveram Covid-19 ao mesmo tempo. Em segundo lugar, se fosse um sintoma ainda desconhecido da Covid-19, "provavelmente teria havido muito mais casos de hepatite, dada a velocidade de propagação do SARS-CoV-2", diz Will Irving.

As autoridades sanitárias britânicas até investigaram se isso poderia ser um efeito colataral da vacina anticovid, mas nenhuma das crianças  havia sido imunizada. "Esta talvez seja a única boa notícia nesta história", observa Alastair Sutcliffe.

Um adenovírus ou um novo vírus

Em contrapartida, um adenovírus está no radar dos cientistas como possível suspeito: o AD-41. O vírus é parte uma grande família responsável na maioria das vezes por sintomas muito leves, como resfriados ou fadiga. "Ele é conhecido por causar gastroenterite em crianças, mas que nunca foi associado a um risco de hepatite", observa Will Irving.

A presença deste adenovírus foi detectada em várias crianças que tiveram a hepatite "misteriosa" no Reino Unido e "sabemos que atualmente há um aumento acentuado de infecções com este adenovírus na população do Reino Unido", reconhece Graham Cooke.

"É bastante assustador pensar que a contenção e posterior relaxamento das medidas sanitárias [que permitiram a propagação do adenovírus] pode ter levado à descoberta de uma nova causa de hepatite", observa Alastair Sutcliffe.

No entanto, o AD-41 não foi encontrado no corpo de todos os jovens diagnosticados. "Isto não refuta necessariamente a tese de uma ligação entre este adenovírus e os casos de hepatite --podemos não ter procurado no lugar certo-- mas enfraquece a hipótese", reconhece Cooke.

Estaríamos então diante de um novo vírus? "Isso seria extraordinário, já que ainda estamos em um contexto pandêmico ligado a um novo vírus", diz Alastair Sutcliffe.

Esta última hipótese seria a mais fácil de ser testada. "Temos técnicas avançadas para identificar a presença de DNA ou RNA estranho - o que sugere a existência de um vírus - em tecidos retirados, neste caso, de pedaços do fígado de crianças infectadas", resume Will Irving.

Contudo, se for necessário investigar se todas essas crianças foram expostas à mesma toxina ou a um alimento contaminado, os especialistas terão muito mais dificuldades para nos dar a resposta sobre o que provoca a hepatite.

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Política e Economia

Alemanha reduz imposto sobre o gás em meio a alta dos preços

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Scholz afirma que imposto sobre valor agregado cairá temporariamente de 19% para 7% a fim de 'desafogar consumidores'. Governo alemão estava sob pressão após anunciar uma sobretaxa ao consumo de gás durante o inverno

Redação

Deutsche Welle Deutsche Welle

Bonn (Alemanha)
2022-08-18T22:00:00.000Z

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O chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, anunciou nesta quinta-feira (18/08) que o governo vai reduzir temporariamente o imposto sobre valor agregado (IVA) do gás, de 19% para 7%, a fim de "desafogar os consumidores" em meio a alta dos preços.

Em coletiva de imprensa, o líder alemão disse esperar que as empresas de energia repassem a economia possibilitada pela medida de maneira proporcional aos consumidores, que usam o gás, por exemplo, para aquecer suas casas em meses mais frios.

A medida deve entrar em vigor em outubro e durar ao menos até o fim do ano que vem. A ideia é diminuir o peso de uma sobretaxa ao uso de gás anunciada pelo governo alemão no início desta semana.

Essa sobretaxa, que também entrará em vigor em outubro para residências e empresas alemãs, foi fixada em 2,4 centavos de euros por quilowatt-hora de gás utilizado durante o inverno europeu.

O anúncio levou a indústria e políticos da oposição a pressionarem o governo alemão a tomar alguma medida para suavizar o aumento dos preços.

"Com essa iniciativa, vamos desafogar os consumidores num nível muito maior do que o fardo que a sobretaxa vai criar", afirmou Scholz.

Inicialmente, o governo alemão havia dito que esperava amenizar o golpe da sobretaxa ao gás tornando somente ela isenta do IVA. Mas, para isso, Berlim precisaria do aval da União Europeia (UE), que não aprovou a ideia.

Por outro lado, o que o governo de Scholz poderia fazer sem precisar consultar Bruxelas é alterar a taxa do IVA sobre o gás em geral. E foi o que ele fez.

O gás é o meio mais popular de aquecimento de residências na Alemanha, sendo usado em quase metade dos domicílios do país.

Alemanha corre para encher reservatórios

Além de planos para diminuir o uso de energia, a Alemanha também segue tentando encher suas reservas de gás natural liquefeito antes do início do inverno.

O vice-chanceler federal e ministro da Economia e da Proteção Climática, Robert Habeck, anunciou recentemente um plano para preencher os reservatórios com 95% da capacidade até 1º de novembro.

No momento do anúncio, as reservas estavam em 65% do total e, no fim de semana passado, chegaram a 75%, duas semanas antes do previsto.

Julian Stratenschulte/dpa/picture alliance
Redução no imposto sobre o gás ocorreu após pressão da indústria e de políticos da oposição

Ainda assim, o chefe da agência federal alemã responsável por diferentes redes, como redes de trens e de gás, disse nesta quinta-feira que tem dúvidas sobre o alcance da meta.

"Não acredito que vamos atingir nossas próximas metas de reserva tão rapidamente quanto as primeiras. Em todas as projeções ficamos abaixo de uma média de 95% até 1º de novembro. A chance de isso acontecer é baixa porque alguns locais de armazenamento começaram num nível muito baixo", disse Klaus Müller ao site de notícias t-online.

Ele também alertou que os consumidores provavelmente terão que se acostumar com as pressões no mercado de gás de médio ou longo prazo.

"Não se trata de apenas um inverno, mas de pelo menos dois. E o segundo inverno [a partir do final de 2023] pode ser ainda mais difícil. Temos que economizar muito gás por pelo menos mais um ano. Para ser bem direto: serão pelo menos dois invernos de muito estresse", afirmou Müller.

Plano de contingência

Em 26 de julho, a União Europeia aprovou um plano de redução do consumo de gás, com o objetivo de armazenar o combustível para ser usado durante o inverno e diminuir a dependência da Rússia no setor energético. O plano de contingência entrou em vigor no início de agosto.

Na Alemanha, o governo segue analisando maneiras de limitar o consumo de energia, antevendo a situação para o próximo inverno.

Prédios públicos, com exceção de hospitais, por exemplo, serão aquecidos somente a 19 ºC durante os meses frios. Além disso, diversas cidades na Alemanha passaram a reduzir a iluminação noturna de monumentos históricos e prédios públicos.

Em Berlim, cerca de 200 edifícios e marcos históricos, incluindo o prédio da prefeitura, a Ópera Estatal, a Coluna da Vitória e o Palácio de Charlottenburg, começaram a passar por um processo de desligamento gradual de seus holofotes no final de julho, em um processo que levaria quatro semanas.

Hannover, no norte do país, também anunciou seu plano para reduzir o consumo de energia em 15% e se tornou a primeira grande cidade europeia a desligar a água quente em prédios públicos, o que inclui oferecer apenas chuveiros frios em piscinas e centros esportivos.

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