O papa Francisco revogou o estado clerical de dois
sacerdotes chilenos acusados de pedofilia: Francisco José Cox Huneeus,
arcebispo emérito de La Serena e membro do Instituto dos Padres de Schoenstatt,
e Marco Antonio Órdenes Fernández, bispo emérito de Iquique.
A decisão é mais um desdobramento do escândalo de abusos
sexuais na Igreja Católica do Chile e chega no mesmo dia em que o Pontífice
recebeu no Vaticano o presidente do país latino, Sebastián Piñera.
Segundo comunicado divulgado neste sábado (13/09) pela Santa
Sé, a medida foi tomada como “consequência de atos manifestos de abusos a
menores”. “A decisão adotada pelo Papa na última quinta-feira, 11 de
outubro de 2018, não admite recurso”, diz a nota.
Huneeus, no entanto, continuará fazendo parte do Instituto
dos Padres de Schoenstatt. A ordenação de um sacerdote não pode ser anulada,
mas a Santa Sé pode tirar suas prerrogativas de padre com a revogação do estado
clerical, o que, na prática, significa sua saída do clero.
A mesma punição havia sido adotada no fim de setembro contra
o padre chileno Fernando Karadima, condenado por pedofilia pelo próprio
Vaticano. O sacerdote de 88 anos foi acobertado durante décadas por parte do
episcopado do Chile, incluindo o ex-bispo de Osorno Juan Barros, que perdeu o cargo
em junho passado.
Após ter visitado o país latino em janeiro, o Papa ordenou
uma investigação sobre casos de pedofilia na Igreja chilena. O inquérito
produziu um relatório que fez Francisco admitir que subestimara a extensão do
escândalo.
Mazur/catholicnews.org.uk
Papa removeu do clero dois bispos chilenos acusados de pedofilia
Segundo o Vaticano, a “dolorosa praga dos abusos contra menores” foi um dos temas do encontro entre o Papa e Piñera neste sábado. Na reunião, os dois se comprometeram em “combater e prevenir tais crimes e seu ocultamento”.
Denúncias
Cox reside atualmente em Vallendar, na Alemanha, e é acusado de pedofilia por Hernán Godoy, hoje com 46 anos. Segundo um depoimento dado em outubro de 2017, o bispo tinha o apelido de “Michael Jackson” porque estava sempre rodeado de crianças.
“Um dia abri a porta [de seu escritório] e ele estava beijando um garoto. O menino estava sem camisa, e ele o tocava, foi chocante”, contou Godoy à Justiça chilena. Fernández, por sua vez, é acusado de abusar de adolescentes quando era bispo de Iquique.