A Igreja Ortodoxa da Rússia rompeu nesta segunda-feira (15/10)
os laços com o Patriarcado Ecumênico de Constantinopla por causa da decisão,
anunciada na semana passada, de conceder autocefalia a duas igrejas ortodoxas
da Ucrânia.
Após um sínodo realizado em Minsk, capital de Belarus, o
metropolita Hilarión, responsável pelas relações exteriores da Igreja Russa,
afirmou que é “impossível” continuar a “ligação
eucarística” com Constantinopla, cujo patriarca, Bartolomeu, era considerado
até então o “primeiro entre os iguais”, uma espécie de “guia
supremo” do mundo ortodoxo.
Segundo Hilarión, a decisão de conceder autocefalia – quando
o líder de determinada denominação cristã não precisa se reportar a um superior
– à Igreja Ortodoxa Ucraniana e à Igreja Ucraniana Ortodoxa Autocéfala, que se
unirão em uma só, é “ilegítima”.
“Esperamos que o bom senso vença e que o Patriarcado de
Constantinopla mude sua postura, reconhecendo a realidade eclesiástica
existente. Enquanto essas decisões ilegais e anticanônicas estiverem em vigor,
não poderemos ter laços com essa igreja, que a partir de hoje está em
divisão”, disse Hilarión.
Ainda não se sabe se outras igrejas ortodoxas seguirão
Moscou e romperão com Constantinopla, mas a da Polônia já havia declarado apoio
à Rússia. Os ortodoxos ucranianos se reportavam a Moscou desde 1686.
A crise
O cisma começou após a decisão de Bartolomeu de enviar dois
exarcos a Kiev para iniciar os trabalhos para a autocefalia, medida tomada de
forma unilateral, sem convocar o concílio ecumênico dos ortodoxos.
Em função disso, Moscou ameaçou romper com o Patriarcado de
Constantinopla, que tem sede em Istambul, na Turquia, o que tira de Bartolomeu
o título de “primeiro entre os iguais”. Desde sua independência, em
1991, a Ucrânia já ensaiou diversas vezes a criação de uma igreja ortodoxa
local, mas a nova tentativa chega em meio aos conflitos contra grupos
separatistas pró-Moscou no leste do país, que se arrastam desde 2014.
O pedido de autocefalia foi enviado a Bartolomeu pelo
presidente Petro Poroshenko, com aval do Parlamento. O Patriarcado Ecumênico
alega que a união entre Moscou e Kiev, adotada em 1686, tinha caráter
temporário e que a Ucrânia sempre foi considerada um “território
canônico”.
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Pedido de autocefalia foi enviado a Bartolomeu, do Patriarcado de Constantinopla, pelos ucranianos