Na Índia, uma série de enfrentamentos foram registrados nesta quarta-feira (17/10) entre a polícia e indianos que protestavam contra a abertura às mulheres de um grande templo hindu em Kerala, no sul do país. As mulheres são consideradas impuras nesta sociedade conservadora e patriarcal.
Em setembro de 2018, a Suprema Corte da Índia revogou a proibição de longa data que impedia as mulheres de 10 a 50 anos de frequentar o templo hindu, que atrai habitualmente milhões de peregrinos.
Situado no cume de uma colina, o que obriga os peregrinos a uma caminhada de várias horas, o templo seria reaberto nesta quarta-feira pela primeira vez desde a sentença judicial. Mas os manifestantes, homens em sua maioria, cercaram e intimidaram as jornalistas que iam cobrir o fato. Duas delas ficaram feridas.
Biju S. Pillai, um indiano de 30 anos, se opõe à mudança da legislação e veio especialmente de Dubai, onde trabalha, para impedir a entrada de mulheres, declarando que ninguém deve mudar a maneira como o templo vem funcionado há séculos. Pillai disse que compareceu para “proteger a santidade do templo” com sua mãe e filho. “Se houver alguma mudança, eles terão que nos matar e passar por nossos corpos”, afirmou.
Hoje em dia, as mulheres podem ter acesso à maioria dos templos hindus, mas alguns, apesar das campanhas a favor, continuam sendo proibidos ao público feminino.
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Agressão às mulheres presentes
No início da manhã, a polícia dispersou os opositores que bloqueavam os ônibus de peregrinos, que transportavam homens e mulheres, resultando na prisão de sete pessoas. “Qualquer um que queira ir ao templo pode fazê-lo sem impedimentos”, assegurou, no entanto, o chefe de polícia Manoj Abraham.
Uma mulher de 45 anos que queria entrar no templo pela primeira vez teve que desistir depois que militantes a impediram de avançar, apesar do cordão de isolamento policial, segundo a agência Press Trust India.
Em 2016, centenas de indianas obtiveram a revogação de uma proibição similar no Templo Shani Shingnapur em Maharashtra, no centro do país. No mesmo ano, um tribunal também concedeu às mulheres acesso ao santuário do Mausoléu e Mesquita Haji Ali Dargah, em Bombaim.