Movimentos populares e associações de diversos países da América Latina estão mobilizados em uma campanha para pedir que o Prêmio Nobel da Paz seja entregue à Brigada de médicos cubanos Henry Reeve por seu trabalho de assistência humanitária em várias regiões do mundo há mais de 50 anos.
A iniciativa, que ganha destaque por conta da presença de médicos cubanos em 27 países para combater a pandemia do novo coronavírus, já conta com apoio de movimentos do Brasil, Argentina, Venezuela, Chile, México, Uruguai, Porto Rico, Peru, Equador, Paraguai, Honduras e Panamá.
Segundo Marília Guimarães, presidente da Rede de Intelectuais, artistas e movimentos sociais em defesa da humanidade (Redh-Brasil), uma das associações brasileiras que encabeçam o projeto, os movimentos pretendem dar entrada com pedido formal ainda neste ano de 2020.
“Nós fomos espalhando essa rede por países como Argentina, Chile, Equador, e outros. A sociedade por toda a América Latina está se engajando, e em todos os lugares conseguimos pessoas que têm esse espirito de solidariedade. A campanha está muito efusiva”, disse.
Além das organizações latino-americanas, a iniciativa conta com o apoio de movimentos da Europa como a organização francesa Cuba Linda, o Comitê França-Cuba, o Grupo de Apoio a Cuba na Irlanda, o Comitê Comunista da Catalunha, a Associação Nacional Italiana de Amizade Itália-Cuba, e a Associação Valenciana de Amizade com Cuba José Martí, da Espanha.
Entretanto, a presidente da Redh-Brasil explica que cada região coordena uma campanha distinta e diz esperar que todas se juntem em um grande pedido formal. Para isso, os movimentos latino-americanos contam com o apoio de Leonardo Boff, teólogo e filósofo brasileiro, e Adolfo Pérez Esquivel, escritor, escultor e arquiteto argentino que recebeu recebeu o prêmio em 1980. Ambos serão os responsáveis pela proposta ao comitê do Prêmio.
Cancillería Cuba
Brigada Henry Reeve se dividiu em 20 equipes em vários países para combater a pandemia da covid-19
Brigadas
A Brigada Henry Reeve foi batizada em 2005 pelo então presidente Fidel Castro e leva o nome do jovem norte-americano que integrou o Exército de Libertação durante a Revolução Cubana. Entretanto, o auxílio médico de Cuba a outros países acontece desde 1963, quando a ilha caribenha enviou uma missão humanitária para a Argélia.
Composta por quase 2 mil profissionais, a brigada se dividiu em 20 equipes em vários países para combater a pandemia da covid-19. Itália, França, México e África do Sul são algumas das nações onde os profissionais cubanos atuaram e ainda atuam no combate ao coronavírus.
Para Guimarães, “o médico cubano, pela sua formação, possui essa solidariedade muito forte. As brigadas cubanas foram além dessa solidariedade cotidiana, por que eles arriscam a vida, vão sem medo, com todo amor e desprendimento para atender terremotos, desastres naturais e, agora, a covid-19”.
A presidente da Redh-Brasil ainda afirmou que a campanha já conta com o apoio de personalidades políticas, artísticas e intelectuais como o teólogo Leonardo Boff, o jornalista e escritor Fernando Moraes, o ex-ministro José Dirceu, e a atriz Beth Mendes. Além disso, qualquer pessoa pode apoiar a iniciativa assinando a convocatória que está disponível no site da campanha.
“A pandemia está tocando o coração das pessoas mais sensíveis e mais preocupadas com a humanidade no sentido de reconhecer o trabalho dos profissionais de saúde. O profissional de saúde cubano é, por essência, um profissional solidário”, disse a brasileira.