Publicada pela primeira vez às 13h11 – Atualizada às 19h25
O local onde ocorreu a forte explosão registrada nesta terça-feira (04/08) em Beirute, capital do Líbano, guardava 2.750 toneladas de nitrato de amônio, material altamente explosivo utilizado em equipamentos de detonação e fertilizantes. De acordo com o premiê Hassan Diab, o nitrato de amônio estava estocado sem “medidas preventivas”.
“Não ficarei satisfeito até que achemos a pessoa responsável pelo que aconteceu, para responsabilizá-lo e impor as mais severas penalidades. É inaceitável que uma remessa de nitrato de amônio, estimada em 2750 toneladas, esteja presente por 6 anos em um armazém sem que fossem tomadas medidas preventivas que não pusessem em risco a segurança dos cidadãos”, afirmou o primeiro-ministro Hassan Diab.
Diab decretou estado de emergência na cidade por dois dias. Até o fechamento deste texto, haviam sido registradas ao menos 78 mortes e 4.000 feridos na cidade. Segundo o Ministério da Defesa do Brasil, uma brasileira ficou levemente ferida após a explosão, mas passa bem.
Nitrato
Uma página de prevenção de acidentes do governo australiano, citada pelo jornal The Guardian, mostra bem o potencial destruidor do nitrato de amônio – e os efeitos colaterais que pode causar.
“O nitrato de amônio não queima. No entanto, auxilia e aumenta a taxa de combustão na presença de material inflamável ou combustível mesmo na ausência de oxigênio. Quando aquecido, derrete, se decompõe e libera gases tóxicos, incluindo óxidos de nitrogênio (NOx) e gás amônia. Quando aquecido excessivamente (por exemplo, em um incêndio), pode causar uma explosão em um espaço fechado e contêineres ou embarcações podem ser romper violentamente”, diz o texto.
Em 1947, uma explosão de 2.300 toneladas de nitrato de amônio explodiu nos Estados Unidos quando uma carga de fertilizantes com o material era embarcada. Na época, a explosão destruiu uma planta química da empresa Monsanto, derrubou dois aviões que passavam pelo local e deixou entre 400 e 600 mortos.
Reprodução
Não há informações sobre que causou o incidente, próximo a uma área portuária
Relatos
Em diversos pontos da cidade, pessoas relataram que vidros nos prédios foram quebrados e há ainda diversos carros completamente destruídos pelas ruas.
Zeina Khodr, repórter da emissora Al Jazeera em Beirute, disse que estava a “quilômetros de distância” do local das explosões, mas relatou que os vidros de prédios, casas e outros estabelecimentos “quebraram em todos os lugares ao meu redor”. “A explosão foi sentida em toda a cidade. Há caos nas ruas”, afirmou.
A jornalista norte-americana Joyce Karam postou em seu perfil no Twitter cenas de locais que foram atingidos pelas explosões. De acordo com a repórter, havia muitos feridos e as ambulâncias não estão conseguiam atender a todos.
Karam ainda lembou que muitos hospitais da cidade estão sobrecarregados em decorrência da pandemia do novo coronavírus. Mídias libanesas pedem que a população doe sangue para ajudar aos feridos que estão sendo encaminhados para as unidades hospitalares.
Stunning video shows explosions just minutes ago at Beirut port pic.twitter.com/ZjltF0VcTr
— Borzou Daragahi ?? (@borzou) August 4, 2020
Huge blast in Beirut just now! pic.twitter.com/hId8JhZMKV
— Tobias Schneider (@tobiaschneider) August 4, 2020
Horrible footage of destruction that explosions left in Beirut #Lebanon .
Many are injured (some estimating hundreds) and ambulances can’t keep up. Local media urging blood donations for nearby hospitals pic.twitter.com/TsqtD3Ys1U
— Joyce Karam (@Joyce_Karam) August 4, 2020
Uma das filmagens mostra o interior do jornal Daily Star, que fica cerca de 400 metros do porto, e está entre os prédios que teve danos da explosão.
BREAKING: Massive explosion in Beirut. Footage from the daily star office now in Lebanon pic.twitter.com/2uBsKP5wCH
— Ghada Alsharif (@GhadaaSharif) August 4, 2020
(*) Com Ansa.