Os jornalistas Maria Ressa, das Filipinas, e Dmitry Muratov, da Rússia, foram laureados nesta sexta-feira (08/10) com o Prêmio Nobel da Paz de 2021 por sua luta em defesa da liberdade de expressão em seus países de origem.
De acordo com o Comitê Norueguês do Nobel, Ressa e Muratov representam “todos os jornalistas que se levantam por esse ideal em um mundo onde a democracia e a liberdade de imprensa enfrentam condições cada vez mais adversas”.
Ressa, 58 anos, é cofundadora e CEO do site Rappler, que já realizou reportagens críticas contra o presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, especialmente sobre a violenta guerra às drogas promovida por seu governo. “Maria Ressa usa a liberdade de expressão para expor o abuso de poder, o uso da violência e o crescente autoritarismo em seu país natal, as Filipinas”, declarou o comitê.
Segundo a instituição, a jornalista “se mostrou uma destemida defensora da liberdade de expressão”. “Ressa e o Rappler também documentaram como as redes sociais estão sendo usadas para disseminar fake news, assediar oponentes e manipular o discurso público”, disse o comitê.
Reprodução/ nobelprize.org
Maria Ressa, das Filipinas, e Dmitry Muratov, da Rússia, premiados por sua luta em defesa da liberdade de expressão em seus países de origem
Ressa já foi inclusive condenada por difamação online contra um empresário suspeito de envolvimento com o tráfico de drogas, em processo visto como um ataque à liberdade de imprensa no país.
Já Muratov, 59, é cofundador e ex-editor-chefe do jornal independente Novaya Gazeta, um veículo de imprensa crítico à Presidência russa. “O jornalismo baseado em fatos e a integridade profissional do Novaya Gazeta o tornaram uma importante fonte de informações sobre aspectos censuráveis da sociedade russa que raramente são mencionados por outros veículos”, justificou o comitê.
“O editor-chefe Muratov se recusou a abandonar a política de independência do jornal. Ele defendeu o direito dos jornalistas de escrever o que eles quisessem sobre o que eles quisessem, desde que respeitassem padrões éticos e profissionais do jornalismo”, afirmou a instituição norueguesa.
De acordo com o comitê, o jornalismo baseado em fatos e independente é essencial para proteger as sociedades contra abusos de poder, mentiras e propagandas de guerra.
“O Comitê Norueguês do Nobel está convencido de que a liberdade de expressão e de informação ajudam a garantir um público informado. Esses direitos são pré-requisitos cruciais para a democracia”, acrescentou.
(*) Com Ansa.