O argentino Diego Maradona, um dos maiores jogadores de futebol do mundo que faleceu em novembro de 2020, foi homenageado na Venezuela com uma estátua de 10 metros de altura e com a inauguração de um complexo esportivo batizado com seu nome na cidade de Puerto Cabello, em Carabobo. Tanto o monumento como o complexo esportivo foram pedidos pelo governador de Carabobo, Rafael Lacava. O monumento está localizado a 200 quilômetro da capital Caracas.
Em entrevista a Opera Mundi, Mariano Israelit, um dos amigos mais próximos do jogador argentino, contou que foi convidado para receber as homenagens dedicadas ao ídolo em Carabobo por ambos já terem visitado juntos a Venezuela em outras oportunidades, evidenciando as convicções políticas de esquerda e o senso de justiça social que Maradona cultivava. “Eu estou muito feliz e muito emocionado de estar aqui. Diego gostava muito do povo venezuelano, e eu tenho certeza que ele está muito contente com essa homenagem”, afirmou.
Maradona era uma pessoa de esquerda e não escondia sua boa relação com líderes como Fidel Castro e Hugo Chávez. O ex-jogador tinha uma tatuagem no braço em homenagem ao revolucionário e também argentino Che Guevara e uma tatuagem de Fidel na perna. Em algumas oportunidades, o ex-jogador se referia ao líder cubano como “segundo pai”, devido ao apoio que recebeu de Fidel quando foi a Cuba realizar um tratamento de reabilitação, no início dos anos 2000.
Nessa época, Israelit conviveu com o ex-jogador e conta que foi aí que Diego começou a se aproximar da esquerda latino-americana. “Eu o conheci em 1982, era muito amigo do irmão dele, o Hugo. Mas nos anos 1990, eu e Diego nos tornamos melhores amigos. Vivemos juntos em Cuba de 2000 a 2004. Compartilhamos muitos momentos juntos. Me sinto muito honrado de representá-lo para essa homenagem na Venezuela”, ressaltou.
Reprodução/Mariano Israelit
Monumento em Carabobo está localizado a 200 quilômetro da capital Caracas
A última vez que os dois amigos se viram pessoalmente foi em março de 2020, semanas antes do decreto de isolamento social do governo argentino, em razão da pandemia. “Fui na casa dele comer carne assada e compartilhar bons momentos. Quando fui embora, ele me disse ‘não me abandone, não me deixe sozinho’”, contou Israelit, com a voz embargada, lembrando que Maradona estava bastante deprimido.
“Eu vivi com ele em Cuba e o contexto era outro. Naquela época, ele tinha pessoas que o queriam bem, muito diferente das pessoas que estavam próximas a ele nos últimos anos”, avalia o amigo que acredita que as más influências que cercavam o craque contribuíram para um ambiente inseguro.
Investigações sobre a morte de Maradona
“Completou um ano da morte ou assassinato dele e até agora não se sabe dos responsáveis. Não há ninguém preso. Há sete pessoas sendo investigadas, que não podem deixar a Argentina. Mas a justiça é lenta e corrupta e até agora não há uma conclusão”, desabafa Israelit.
Maradona morreu no dia 25 de novembro de 2020, após uma parada cardíaca. Semanas antes, o ídolo havia sido submetido a uma cirurgia na cabeça e chegou a ficar internado antes de falecer. Um ano depois, as causas da morte de Maradona não foram totalmente determinadas. As investigações do Ministério Público da Argentina apontam para possíveis negligências médicas da equipe que acompanhava o ex-jogador.
Até o momento, sete pessoas foram processadas pela morte de Maradona: o neurocirurgião Leopoldo Luque, a psiquiatra Agustina Cosachov, o psicólogo Carlos Díaz, o chefe de enfermeiros Mariano Perroni, os enfermeiros Ricardo Almirón e Gisella Madrid, e Nancy Forlini, médica do plano de saúde do argentino.
As investigações apontam para homicídio simples com dolo eventual, que significa que os profissionais sabiam que suas condutas poderiam resultar na morte de Maradona e não as evitaram. Se eles forem condenados, as penas variam de 8 a 24 anos de prisão. Desde que foram processados, as sete pessoas investigadas estão impedidas de deixar a Argentina.
“É tudo muito triste. Eu sinto muitas saudades dele e fico muito emocionado de estar aqui na Venezuela por ele. Maradona é tudo, seja no futebol ou fora dele. Diego era do povo. Ele deu tudo pela camisa da seleção. Ele era a Argentina. Latino-americano. Um líder, um amigo, de quem eu sinto muitas saudades e de quem eu nunca vou esquecer”, diz Israelit.