'Parece que veio um apocalipse', relata morador atingido por incêndios florestais na Coreia do Sul
Sul-coreano descreve 'terror' na cidade de Andong, patrimônio histórico da Unesco ameaçado pelas chamas; ao menos 26 pessoas morreram e 27 mil foram deslocadas
Os moradores do sudeste da Coreia do Sul relatam “cenas de terror” com os incêndios florestais que, em poucos dias, têm tomado proporções e varrido grandes áreas da região. Nesta quarta-feira (26/03), as autoridades locais informaram que ao menos 26 pessoas morreram, enquanto 19 estão feridas e mais de 27 mil foram deslocadas forçadamente em decorrência das chamas que começaram em Uiseong, província de Gyeongsang do Norte.
“É difícil de respirar. Sinto minha pele coçar, meus olhos arderem. Tenho a sensação de que meu pulmão está queimando. A fumaça entrou inclusive dentro de casa e estamos há dias respirando ela”, contou Kim, de 27 anos, residente de Andong, cidade que é listada como parte do patrimônio histórico da Unesco e corre risco de ter seu território destruído pelas chamas. “Lugares valiosos como a vila de Hahoe e Manhyujeong estão ameaçados. Parece que veio um apocalipse de repente”.
A Opera Mundi, o sul-coreano relatou que mora relativamente próximo a um dos focos de incêndio, em uma distância de 15 a 20 minutos de carro entre o local e sua casa.
“Aqui perto de casa, uma ambulância que transportava um paciente idoso teve que passar próximo ao local do incêndio. O veículo acabou pegando fogo e todo mundo que estava dentro morreu”, contou.

Fumaça em um bairro da cidade de Andong, em Gyeongsang do Norte; região foi atingida por incêndios florestais
Impulsionados por ventos fortes e tempo seco, as chamas devastaram sete cidades sul-coreanas, de acordo com o governo nacional, destruindo mais de 31 mil hectares de floresta e 257 edifícios, incluindo casas, templos e fábricas. A causa inicial da tragédia, no entanto, ainda segue sendo apurada.
Enquanto isso, as autoridades sul-coreanas anunciaram o envio de 87 helicópteros para extinguir o incêndio em áreas densamente povoadas, além da mobilização de 5.421 pessoas para a operação.
Após serem suspensos no dia anterior, os serviços de trem foram retomados ao meio-dia (pelo horário local) desta quarta-feira. Entretanto as rodovias e estradas que ligam para regiões do sul e do sudeste do país permanecem fechadas por segurança.

Regiões marcadas em vermelho sinalizam vias interditadas e fechadas
Mais cedo, o primeiro-ministro Han Duck Soo, um dia após assumir o cargo como presidente interino da Coreia do Sul, reconheceu que “os incêndios causaram danos sem precedentes”.
“Eles estão se desenvolvendo de forma que excede os modelos de previsão existentes”, declarou a autoridade, pedindo que as agências competentes “assumam o pior cenário e respondam adequadamente”.
O Ministério da Defesa Nacional anunciou que está apoiando as operações de combate a incêndios juntamente com o Ministério do Meio Ambiente, que também coopera com o Serviço Nacional de Parques da Coreia e o Instituto Nacional de Ecologia.
