Sexta-feira, 18 de abril de 2025
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Os autores dos dois atentados registrados nos Estados Unidos nesta quarta-feira (01/01) eram veteranos do exército norte-americano que serviram no exterior, um deles muito condecorado. Mas o FBI não conseguiu estabelecer nenhuma conexão definitiva entre o motorista que atropelou dezenas de pessoas em Nova Orleans e o homem que explodiu um carro diante do Hotel Trump de Las Vegas. Ambos passaram um tempo na base de Fort Liberty, na Carolina do Norte, mas em épocas diferentes.

O motorista do Tesla Cybertruc elétrico que explodiu na frente do Trump International Hotel de Las Vegas foi idenficado como Matthew Livelsberg, de Colorado Springs, Colorado. Sua identidade militar foi encontrada no veículo e as tatuagens confirmaram enquanto a polícia espera os testes de DNI ficarem prontos.

Condecorado em ações internacionais

Livelsberger foi soldado entre 2006 e 2011, depois foi transferido para a guarda nacional e passou pouco tempo na reserva. Em 2012 tornou-se soldado de operações especiais, mas estava de licença quando morreu. Ele serviu nos Boinas Verdes, forças especiais altamente treinadas para combater o terrorismo no exterior e treinar parceiros, informou o exército norte-americano. Ele esteve duas vezes no Afeganistão e também na Ucrânia, Tajiquistão, Geórgia e no Congo. Foi condecorado inúmeras vezes.

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“O nível de sofisticação desse episódio não é o que esperaríamos de um indivíduo com esse tipo de experiência militar”, disse Kenny Coopera, agente especial responsável pelo Bureau de Álcool, Tabaco, Armas de Fogo e Explosivos.

Segundo as investigações, ele tinha brigado com a esposa antes de alugar o Tesla e comprar as duas armas encontradas no veículo no qual ele explodiu. A polícia acredita que ele se suicidou com um tiro antes da explosão do caminhão. Mas as investigações continuam envolvendo quatro estados e pistas no exterior.

A suspeita de motivação política surgiu pelo  caminhão ser da Tesla e ter explodido na frente do hotel de propriedade do presidente eleito, Donald Trump. E o dono da Tesla, Elon Musk, está trabalhando estreitamente com o presidente eleito.

“Neste momento, não há uma ligação definitiva entre o ataque aqui em Nova Orleans e o de Las Vegas”, disse o vice-diretor assistente do FBI, Christopher Raia, em coletiva nesta na quinta-feira (02/01). Curiosamente, entretanto, ambos são veteranos, estiveram no Afeganistão e alugaram os veículos na mesma plataforma.

Gerald Herbert / DPA
Atropelamento massivo em Nova Orleans provocou 15 mortes (14 vítimas e o motorista)

Atropelador de Nova Orleans não tinha cúmplices

A explosão do veículo em Las Vegas ocorreu algumas horas depois do atropelamento massivo em Nova Orleans, que matou 14 pessoas e feriu dezenas. Depois de chamar o atropelamento de “ato de terrorismo” e dizer que provavelmente haveria outros implicados, o FBI concluiu que o motorista agiu sozinho.

Shamsud-Din Jabbar, um texano de 42 anos, veterano do Exército dos Estados Unidos, lançou seu caminhão contra uma multidão que comemorava o ano novo em Nova Orleans. No veículo, foi encontrada uma bandeira do Estado Islâmico e, em suas redes sociais, gravações religiosas e comentários de apoio ao grupo.

Mas, depois de investigar, entretanto, o FBI concluiu que Jabbar agiu sozinho, embora |100% inspirado pelo ISIS”. Ele dirigiu de Houston para Nova Orleans no último dia do ano. Na madrugada do dia 1º, postou na internet vídeos de apoio ao ISIS. Chegou a dizer nas gravações que havia pensado em atacar sua família e amigos, mas desistiu por achar que a cobertura da mídia disso não se focaria na “guerra entre os crentes e os descrentes”.

Ex-militar condecorado que serviu no Afeganistão, Jabbar foi morto pela polícia logo que saiu do carro atirando. Ele enfrentava problemas financeiros e pessoais nos últimos anos, com um divórcio, muitas dívidas e o pai doente. Seu meio-irmão, Abdur Rahim Jabbar, diz que a família está em choque porque ele nunca foi uma pessoa agressiva.

‘A música é a voz do demônio’

Mas ele também informou que Shamsud-Din havia voltado à sua fé muçulmana depois de abandoná-la há uma ou duas décadas. Há cerca de cerca de um ano, Shamsud-Din postou na plataforma SoundClud uma série de gravações religiosas na linha do islamismo mais tradicional.

“A música é a voz de Satanás (…) que desvia as pessoas do caminho de Alá. Um dos sinais do fim dos tempos será quando alguns grupos de muçulmanos pensarem que tocar música não é mais pecado”, postou Shamsud-Din, acrescentando “Alá os punirá com um terremoto”. As postagens também condenavam o uso de todo tipo de entorpecentes e estimulantes.

A polícia e a família estão tentando entender como Jabbar se radicalizou a tal ponto.