Censo 2022: 99,3% das crianças no Brasil têm registro civil e país se aproxima da meta de universalização da ONU
Região Norte apresentou maior avanço, mas ainda lidera percentual de menores com até cinco anos não registradas
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que o Brasil tem 99,3% das crianças de até cinco anos de idade com registro de nascimento em cartório. As informações do Censo 2022 mostram avanço de 4,5% desde a última pesquisa, realizada em 2010.
O resultado aproxima o país do cumprimento de um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) e que têm mais de 190 signatários. A meta institui a universalização do registro civil até 2030.
Apesar do dado positivo, as informações que apontam onde estão e quem são as crianças sem acesso a registro dão uma pista de que a desigualdade estrutural do país ainda é o que emperra a efetivação total da política.
Entre os seis estados com índices menores a 99%, cinco estão na região Norte e um na região Nordeste. Na análise por raça, o IBGE mostra que houve crescimento entre todas as populações, mas a indígena ainda é a que têm os menores resultados.
“O Brasil melhorou na cobertura de nascimentos. Temos alguns anos até 2030, mas estamos alcançando a meta. Estamos próximos da universalização. Há pontos específicos para se trabalhar, mas estamos confiantes que vamos atingir os 100%”, afirma José Eduardo de Oliveira Trindade, que integra a equipe técnica responsável pela temática no IBGE.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que o Brasil tem 99,3% das crianças de até cinco anos de idade com registro de nascimento em cartório, conferindo um avanço de 4,5%, segundo o Censo 2022, desde a última pesquisa realizada em 2010
Dados
Todas as regiões brasileiras apresentaram aumento no índice de pessoas com até cinco anos de idade registradas em cartório. A região Norte, que historicamente tem os menores níveis, teve a evolução mais expressiva: saiu de 92,6% em 2010 para 97,3%. Em todo o resto do território nacional, o indicador é superior a 99%.
Entre as unidades da federação, apenas seis tiveram resultados inferiores a 99%: Roraima (89,3%), Amazonas (96%), Amapá (96,7%), Acre e Pará (ambos com 98,1%) e Piauí (98,9%).
Ainda que os números sejam positivos, o total de municípios com 100% das crianças registradas não é tão expressivo e chega a 19,7%. Houve uma ampliação considerável entre 2010 e 2022. No censo anterior eram 624 cidades nessa situação, agora, são mais de mil.
O Rio Grande do Sul é o estado com melhor resultado e tem 42% dos municípios com a totalidade da população com até cinco anos de idade registrada. Na sequência, com índices entre 26% e 30% estão Santa Catarina, Minas Gerais e Rio Grande do Norte.
Apenas 1,17% das cidades brasileiras têm menos de 95% das crianças nessa faixa etária registradas. Isso corresponde a 65 municípios. A maior parte deles estão em Roraima, Amazonas e Amapá.
Os municípios com os menores percentuais do país são Alto Alegre (RR), Amajari (RR) e Barcelos (AM). Em 2022, todos eles possuíam mais de mil pessoas com até cinco anos de idade e sem registro.
“Analisando o perfil dos municípios com as menores coberturas do registro de nascimento em cartório no estado de Roraima é possível verificar que são municípios com população entre 10 e 20 mil habitantes, com altas taxas de natalidade, e em sua grande maioria sem cartórios de registro civil de pessoas naturais”, afirma a publicação do IBGE.
Entre as pessoas residentes em localidades indígenas e que se declararam dessa forma nos quesitos raça e cor do Censo, 89,1% das crianças com menos de cinco anos tinham o registro de nascimento em cartório.
As populações originárias contam com a possibilidade de emitir o Registro Administrativo de Nascimento de Indígena (Rani), por meio da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai). O documento administrativo é legalmente válido até que seja possível o acesso ao registro civil em cartório.
De acordo com os dados do IBGE, 5% das crianças indígenas de até cinco anos contavam apenas com o Rani em 2022. Novamente a região Norte tinha a maior proporção de casos (7%) e concentrou também mais de 86% da população com até cinco anos sem nenhum tipo de registro.
Roraima apresentou o maior índice de situações dessa natureza, com quase 27% dos nascimentos sem o Rani ou o registro em cartório até os cinco anos de idade. Na sequência estão Amapá (6,6%) e Amazonas (5,5%).