O Tribunal Superior de Justiça de Valência, na Espanha, recebeu a primeira denúncia nesta segunda-feira (04/11) contra o governador da Comunidade Valenciana, Carlos Mazón, por uma série de crimes, dentre eles, a suposta “omissão de socorro” e “homicídio imprudente” na crise provocada pelas inundações-relâmpago que devastaram o leste do país. Até agora, são pelo menos 217 mortes confirmadas e dezenas de desaparecidos.
A ação foi apresentada pelo partido antiglobalização e eurocético Iustitia Europa, que argumenta uma série de “erros e omissões flagrantes” que Mazón teria cometido nas cheias, que vão desde abuso de poder à falta de assistência, passando até por homicídio culposo múltiplo.
De acordo com a acusação, o governador ignorou tanto a gravidade da Depressão Isolada em Níveis Altos (Dana) que causou as inundações em diversas cidades da província de Valência, como as possibilidades de conter a crise por meio do Plano Especial de Emergência, um protocolo específico para catástrofes de grandes dimensões.
Ainda segundo o Iustitia Europa, o governador também errou por não solicitar a Unidade de Emergência do Exército (UME) antes que as inundações já tivessem tomado proporções e espalhado pela província de Valência, versão que é sustentada pela ministra da Defesa, Margarita Robles.
Por outro lado, Mazón nega atrasos no envio do alerta à população e na solicitação da intervenção da UME. Em defesa, argumentou em entrevista à rádio Cadena Cope que são os comandos operacionais militares que determinam se é necessária a chegada de reforços ou de “mais equipes”, e não uma “ordem política”.
O governador ainda acusou a Confederação Hidrográfica de Júcar, ligada ao Ministério da Transição Ecológica, de ter “desativado três vezes o alerta hidrológico” na semana passada. No entanto, fontes internas do próprio governo desmentiram as afirmações de Mazón, explicando que as confederações hidrográficas não lançam alertas públicos e que os órgãos competentes para divulgar tais avisos “são os serviços de emergência das regiões”.
O Iustitia Europa também apresentou queixa semelhante contra o premiê espanhol, Pedro Sánchez, e o ministro do Interior, Fernando Grande-Marlaska, por omissão de ações relativas às suas responsabilidades na resposta à crise. A ação foi apresentada à Suprema Corte.
Barragem protege cidade pequena
Uma barragem da era romana poupou a pequena cidade espanhola de Almonacid de la Cuba, em Aragão, de ser atingida pelas fortes enchentes que assolaram o país nos últimos dias.
Imagens divulgadas pela imprensa local mostram que a barragem de 34 metros de altura, datada do século 1 d.C., conseguiu proteger o vilarejo de 227 moradores, localizado na província de Zaragoza, do rio Aguavivas que transbordou após a tempestade.
“A barragem evitou inundações na cidade. Temos que agradecer”, disse o prefeito de Almonacid, José Enrique Martínez.
(*) Com Ansa