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Matéria atualizada em 07 de abril de 2025, às 17h40

Estudantes de mestrado e de doutorado em Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), ligados ao programa San Tiago Dantas, foram surpreendidos nos últimos dias ao descobrirem que seus nomes não são mais reconhecidos pelo sistema interno como alunos matriculados na universidade.

A informação foi dada a conhecer em uma reportagem da revista Carta Capital, publicada na quinta-feira (03/04), assinada pelo jornalista Rodrigo Martins. A matéria também conta que os docentes envolvidos no programa foram notificados sobre a redução da carga horária e dos salários referentes aos cursos de pós-graduação que constavam no mesmo.

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Em uma postagem nas redes sociais, o Grupo de Estudos sobre Conflitos Internacionais (GECI) da instituição afirmou que o curso de RI é “perseguido por posicionamento pró-Palestina”, além de ser “umas das vozes mais criticas a Israel”.

O GECI publicou uma linha do tempo apontando a falta de respostas da fundação mantenedora da PUC com a situação dos pós-graduandos que tiveram suas matrículas desligadas e também com denúncias de islamofobia na universidade.

 

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Uma publicação compartilhada por GECI PUC-SP (@gecipuc)

O episódio foi registrado em 18 de março, quando um dos banheiros da instituição teve uma de suas paredes pichadas com mensagens como “hora de limpar RI (Relações Internacionais)”, “PUC não é para árabe”, “a PUC é nossa” e “a reitoria é nossa” – as duas últimas frases foram acompanhadas da estrela de Davi.

A manifestação foi interpretada, por grande parte da comunidade acadêmica, como uma alusão ao professor Reginaldo Nasser, acadêmico que é ligado justamente ao programa San Tiago Dantas – já que se trata de um acadêmico de RI e cuja família tem origem sírio-libanesa.

Jornal PUC-SP
Universidade participa há 23 anos de convênio com Programa San Tiago Dantas de Relações Internacionais

Segundo a Carta Capital, o programa San Tiago Dantas de pós-graduação em Relações Internacionais é uma parceria público-privada que já dura 23 anos, e “viabiliza a formação de mestres e doutores em parceria com a Universidade de Campinas (Unicamp) e a Universidade Estadual Paulista (Unesp)” – as duas outras instituições continuam participando do convênio, de acordo com a revista.

A reportagem afirma que o padre José Rodolpho Perazzolo, diretor-executivo da Fundação São Paulo (Fundasp), mantenedora da PUC-SP, teria dito ao professor Nasser, em reunião realizada em novembro passado, que daria a “extrema-unção” ao curso de RI, alegando que seria um “sacramento concedido a enfermos em estado grave, mas ainda vivos”.

A matéria diz que não há uma definição sobre a continuidade ou não do programa San Tiago Dantas dentro da PUC-SP, e que procurou a Reitoria da universidade e a Fundasp, para ter uma posição clara sobre o tema, mas não obteve resposta até a publicação.

Também acrescenta que os estudantes que procuraram Secretaria de Pós-graduação da PUC-SP têm recebido como resposta a seguinte mensagem automática: “está em tramitação interna assunto referente a renovação do San Tiago Dantas para 1/2025, favor aguardar o parecer da decisão da Fundasp”.

Resposta da Fundasp

Procurada pela reportagem de Opera Mundi, a Fundasp afirmou que “todos os estudantes veteranos do programa San Tiago Dantas têm direito garantido ao curso e que os professores têm conhecimento da inexistência de convênio formal com a Unesp desde 2016 e pouco fizeram para regularizar esta situação”.

“A PUC-SP possui uma graduação robusta em Relações Internacionais e um programa de Mestrado bem-sucedido. A Mantenedora aguarda que os docentes do curso trabalhem para apresentar um projeto de doutorado na Universidade e na Capes”, afirmou a assessoria de comunicação da Fundasp.

Opera Mundi também entrou em contato com a Reitoria da PUC-SP, e atualizará esta matéria quando obtiver as respostas dessa instituição.

Com informações de Carta Capital.