Sábado, 26 de abril de 2025
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A polícia norte-americana investiga a possível relação entre a explosão de um Tesla Cybertruck na frente de um hotel de propriedade de Donald Trump, em Las Vegas, e o atropelamento massivo em Nova Orleans. Ambos ocorreram nesta quarta-feira (01/01) com poucas horas de diferença.

O atropelamento massivo, perpetrado por um veterano norte-americano em uma caminhonete F-150 com uma bandeira do Estado Islâmico, deixou ao menos 15 mortos e 35 feridos. Já a explosão do Cybertruck matou uma pessoa, que estava dentro do carro, e feriu outras sete nas proximidades. O veículo estava cheio de fogos de artifício e latas de combustível de acampamento

Quando os repórteres perguntaram à polícia sobre possíveis motivações políticas da explosão, a xerife do departamento de polícia, Kevin McMahill respondeu:

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Caminhão Tesla explode na frente da Trump Tower

“Este é um caminhão da Tesla, e sabemos que Elon Musk está trabalhando com o presidente eleito Trump, e é a Trump Tower de Las Vegas. Então, obviamente há coisas com as quis devemos nos preocupar e é algo que continuamos a analisar.”

Os dois atentados usaram veículos elétricos alugados por meio do popular aplicativo Turo. A polícia já sabe o nome da pessoa que alugou o caminhão que explodiu em Las Vegas, mas só vai divulgá-lo depois de saber se era a mesma pessoa que morreu no veículo.

O caminhão explodiu horas depois de um atropelamento massivo a uma multidão que comemorava o ano novo na Bourbon Street de Nova Orleans. A rua é um dos maiores destinos mundiais de festas de Reveillon. Fica no coração do French Quarter,  distrito conhecido por seus bares, restaurantes e por seu papel na história do jazz.

O motorista da pick-up que protagonizou os atropelamentos era um veterano do exército norte-americano com uma bandeira do Estado Islâmico. Segundo as autoridades norte-americanas, o homem dirigia em alta velocidade visivelmente “determinado” a atropelar o máximo de pessoas.

A superintendente do Departamento de Polícia de Nova Orleans, Anne Kirkpatrick, disse que o motorista desviou dos bloqueios e se dirigiu à multidão de maneira “muito intencional”. “Ele estava determinado a fazer uma carnificina”, disse ela.

Hotel e Torre Trump Tower de Las Vegas

Hotel e Torre Trump Tower de Las Vegas

Motorista vestia uniforme militar

Quando a pick-up parou, o motorista, vestindo uniforme militar completo, desceu atirando na polícia, que o matou. Os agentes informaram ter encontrado uma bandeira do ISIS dentro do caminhão e um dispositivo explosivo no local. O atropelamento está sendo investigado como um ataque “terrorista”.

O FBI identificou o agressor como Shamsud-Din Jabbar, cidadão norte-americano de 42 anos, nascido e criado no Texas, que serviu o exército dos EUA como especialista em tecnologia da informação (TI) e recursos humanos entre 2007 e 2015. Ele foi enviado ao Afeganistão entre 2009 e 2010 e permaneceu na reserva até 2020.

O FBI acredita que Jabbar não agiu sozinho no ataque a um dos principais destinos turísticos do país, mas não apresentou evidências disso. A polícia investiga possíveis relações entre os dois incidentes.

“Estamos trabalhando para determinar as potenciais associações e afiliações do sujeito com organizações terroristas”, disse Alethea Duncan, agente especial do FBI para Nova Orleans. “Não acreditamos que Jabbar foi o único responsável, estamos investigando todas as pistas”. Entretanto, não foram divulgadas evidências sobre um possível motivo ou conexões do suspeito com grupos terroristas.

O presidente Joe Biden disse que o FBI descobriu que “poucas horas antes do ataque” em Nova Orleans, o suspeito “publicou vídeos nas redes sociais que foi inspirado pelo Isis e expressando seu desejo de matar.” Ele disse que a investigação ainda estava em estágio preliminar. “A comunidade de inteligência policial continua procurando por quaisquer conexões, associações ou co-conspiradores”, disse ele.

Os registros indicam que passou por uma situação financeira difícil, em 2022. A CNN, tendo autoridades norte-americanas como fontes, informou que Jabbar gravou vídeos nos quais dizia que sonhava em se juntar ao ISIS e que certa vez, depois do divórcio, pensou em matar sua família.

Especialista diz que atacante não tem perfil de radicalizado

Mas Jabbar, segundo especialistas na área, não corresponde ao protótipo de pessoas que se radicalizam.

“Há uma série de sinais de alerta nesse ataque, incluindo a idade do atacante – não é realmente o tipo de protótipo para um indivíduo radicalizado. O fato de que ele estava no exército dos Estados Unidos… Então acho que é preciso cautela”, disse à agência Al Jazeera, Colin Clarke, do Soufan Center, um think tank dedicado à política externa e segurança Global sediado e Nova York.

“E, francamente, as autoridades não têm sido boas com comunicações. Houve uma série de vazamentos faltos. Mais cedo, hoje, foi revelado que havia mais pessoas envolvidas e depois as autoridades reverteram isso”, acrescentou Clarke.

Repercussão internacional

O primeiro ministro do Reino Unido, Keir Starmer, o chanceler alemão, Olaf Scholz, a presidente do México, Claudia Sheinbaum, o presidente francês, Emmanuel Macron, o porta-voz das relações exteriores do governo chinês, Mao Ning, e o secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, além manifestaram sua tristeza e solidariedade pelo atropelamento massivo.

Já o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, embora sem mencionar o ataque, aproveitou a ocasião para atacar os democratas. Ele postou em suas redes que “o DOJ, o FBI e os promotores estaduais e locais democratas não fizeram seu trabalho”.

“Os democratas deveriam ter vergonha de si mesmos por permitir que isso acontecesso com nosso país. A CIA deve se envolver agora, antes que seja tarde demais. Os Estados Unidos estão entrando em colapso – Uma erosão violenta da Segurança, Segurança Nacional e Democracia está ocorrendo em toda a nossa Nação”, acrescentou.