O Ministério Público francês solicitou, nesta segunda-feira (25/11), a pena máxima, ou seja, 20 anos de prisão, contra Dominique Pelicot por suas “ações abjetas”, tendo, durante uma década, drogado, estuprado e recrutado homens na internet para violar sua mulher.
“Vinte anos é muito porque são 20 anos de uma vida. Independentemente da idade, não é pouco “, insistiu Laure Chabaud, segunda representante do Ministério Público a falar na manhã desta segunda-feira no tribunal criminal de Vaucluse, em Avignon.
“Mas, ao mesmo tempo, é muito pouco diante da gravidade dos atos cometidos e repetidos”, insistiu. “Sua responsabilidade pelos atos cometidos é, portanto, plena e completa.”
A sentença era esperada já que Dominique Pelicot, 71 anos, nunca negou a sua responsabilidade. Em meados de setembro, ele se autodenominou “estuprador” e disse: “Sou culpado do que fiz (…) estraguei tudo, perdi tudo. Tenho que pagar”.
“A busca pelo seu prazer se reflete em uma vontade de submissão de sua esposa, humilhação e até aviltamento por seus gestos e palavras, da pessoa que ele mais ama no mundo”, acusou a procuradora adjunta.
Durante dez anos, de julho de 2011 a outubro de 2020, o septuagenário drogou a mulher com ansiolíticos, a estuprou e a ofereceu para atos sexuais, na residência do casal em Mazan (Vaucluse), a dezenas de homens, recrutados através do site Coco.fr, que foi fechado. Os autores dos estupros hoje têm entre 26 e 74 anos.
Os outros 50 réus estão sendo processados principalmente por estupro agravado. Eles também podem ser condenados a 20 anos de prisão.
Refutando os argumentos por vezes apresentados por alguns dos advogados de defesa desde o início do julgamento, em 2 de setembro, a procuradora também garantiu que “não era concebível que Gisèle Pelicot pudesse ter ingerido voluntariamente os ansiolíticos”.
Dezoito dos 51 acusados, incluindo Dominique Pelicot, estão detidos. Outros trinta e dois comparecem em liberdade. Um último, em fuga, está sendo julgado à revelia.
Durante o seu último discurso, em 19 de novembro, Dominique Pelicot, descrito como o “mentor” dessa década de repetidos estupros contra sua agora ex-mulher, Gisèle Pelicot, explicou que “subjugar uma mulher rebelde era (sua) fantasia”. O veredito do já emblemático julgamento de violência sexual e submissão química é esperado até 20 de dezembro.