Dois incêndios florestais de rápida propagação no sul da Califórnia haviam consumido mais de 1,3 mil hectares no condado de Los Angeles até terça-feira (07/01) à noite, obrigando milhares de pessoas a abandonarem suas casas.
A expectativa era de que a situação piorasse ao longo da madrugada, diante da previsão de ventos ainda mais intensos, com rajadas de até 160 km/h numa região que há meses não registra chuvas significativas.
A prefeitura de Los Angeles e o estado da Califórnia decretaram estado de emergência e ordenaram a evacuação de quase 30 mil pessoas enquanto o fogo ameaçava 13 mil casas e 15 mil estabelecimentos comerciais.
Mais de 28 mil moradores estavam sem energia elétrica. O distrito escolar de Los Angeles foi forçado a realocar alunos de três campus.
O primeiro incêndio teve início no final da manhã de terça-feira em Palisades. Impulsionadas pelos ventos mais fortes da última década, as chamas consumiram rapidamente quase 1,2 mil hectares de casas e mansões dessa rica comunidade da costa pacífica.
Uma encosta cheia de atores famosos e outros moradores célebres foi varrida pelas chamas.
Mansões em chamas e moradores fugindo a pé
O segundo incêndio começou por volta das 18h30 (horário local) a 40 quilômetros do primeiro, em Altadena. Duas horas depois, já devorara 100 hectares.
À medida que o fogo avançava rapidamente e as pessoas iam fugindo, as estreitas ruas de Palisades ficaram congestionadas e carros foram sendo abandonados. Muitos acabaram devorados pelas chamas.
Uma moradora local relatou que a única estrada de acesso ao seu bairro estava bloqueada e com fogo em ambos os lados. “As pessoas saíam dos carros com seus cachorros, bebês e malas, chorando e gritando”, disse Kelsey Trainor à AP News.
No congestionamento, enquanto alguns corriam a pé em direção ao mar, outros imploravam por carona para voltar às suas casas para resgatar animais de estimação.
‘Parece um filme de terror’
Uma mulher abandonava seu carro com seu gato nos braços. “Parece um filme de terror, estou sendo atingida por folhas de palmeira em chamas”, disse à ABC7.
Will Adams, outro morador de Palisades, declarou que nunca tinha visto nada parecido nos 56 anos em que vive lá. Ele viu o céu ficar marrom e depois preto enquanto ouvia estalos e explosões que supôs serem dos transformadores.
Com os carros bloqueando as ruas, os primeiros socorristas só puderam passar depois que escavadeiras retiraram os veículos. Ao meio dia, a enorme nuvem de fumaça do primeiro incêndio já era visível em toda Los Angeles.
Os hospitais registraram feridos por queimaduras, incluindo uma bombeira. A imprensa local mostrou ao vivo as casas sendo devoradas pelo fogo uma depois da outra, inclusive mansões multimilionárias.
O presidente Joe Biden informou que uma doação federal já tinha sido aprovada para ajudar a reembolsar a Califórnia por seus gastos com o combate ao incêndio.
Vento e seca recordes podem piorar a situação
A situação deve se manter complicada nos próximos dias uma vez que a previsão é de que os fortes ventos se mantenham. Segundo Serviço Nacional do Tempo (NWS, da sigla em inglês), são os ventos mais fortes da última década.
Na segunda-feira (06/01), o NWS emitiu o alerta vermelho máximo. O órgão advertia que a combinação de vento e seca recordes configuravam o pior que pode haver para risco de incêndios.
Também alertou para o risco de queda de árvores, tombamento de trailers e caminhões e recomendava que os moradores ficassem em casa, longe das janelas.
“Nós nunca vimos uma estação tão seca quanto esta seguir uma estação tão chuvosa quanto a anterior”, disse ao The Guardian Daniel Swain, cientista climático da Universidade da Califórnia e do Centro Nacional de Pesquisa Atmosférica.
Os riscos de incêndio são especialmente altos nas áreas da Califórnia já carbonizadas por outros incêndios em 2024. No total foram 8 mil incêndios, que devastaram 404 mil hectares.