A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou nesta quarta-feira (12/06) que as indústrias do álcool, tabaco, alimentos ultraprocessados e de combustíveis fósseis causam 2,7 milhões mortes na Europa por ano.
“Essas quatro indústrias matam pelo menos 7.000 pessoas em nossa região todos os dias”, destacou Hans Kluge, diretor do escritório europeu da OMS, em um comunicado.
Segundo a OMS, cerca de 1,15 milhão de mortes por ano na Europa são causadas pelo tabagismo, 426.857 pelo álcool, 117.290 por dietas ricas em carnes processadas e 252.187 por dietas ricas em sal. Outros 578.908 óbitos são causados pela poluição gerada por combustíveis fósseis.
Esses números não incluem as mortes causadas por obesidade, pressão alta, alto nível de açúcar no sangue ou alto nível de colesterol – todas ligadas a dietas não saudáveis, segundo a agência.
A agência da ONU acusou esses quatro setores de obstruírem as políticas públicas que poderiam prejudicar os seus lucros, acrescentando que as táticas do setor incluem estratégias de marketing, desinformação, promoções nos meios de comunicações e “subversão da ciência” através, por exemplo, do financiamento de pesquisas que promovem seus objetivos.
“Essas táticas ameaçam os avanços de saúde pública do século passado e impedem que os países atinjam suas metas de saúde”, disse a OMS. O relatório da agência ressalta que o lobby da indústria estava prejudicando os esforços para o combate de doenças não transmissíveis, como doenças cardiovasculares, câncer e diabetes..
Legislação mais rígida
A OMS destacou que o “interesse primário de todas as grandes corporações é o lucro”, e ter uma grande participação no mercado “muitas vezes também se traduz em poder político”.
Quase 60% dos adultos e um terço das crianças na Europa estão com sobrepeso ou são obesos, de acordo com a OMS. Os dados mais recentes, de 2017, mostraram que uma em cada cinco mortes atribuídas a doenças cardiovasculares e câncer na Europa foi resultado de hábitos alimentares pouco saudáveis.
A OMS pede que os países apliquem regulamentações mais rigorosas para a comercialização de produtos não saudáveis, e contra práticas monopolistas e lobby. “As pessoas sempre devem ser prioridade”, afirma Kluge.