Quinta-feira, 10 de julho de 2025
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Mafalda, a emblemática personagem criada por Joaquín Salvador Lavado, o Quino, mudará de casa editorial. Após 55 anos publicada pela editora independente argentina Ediciones de la Flor, ela será editada, agora, pela multinacional Penguin Random House, informa o jornal El País.

Os herdeiros dos direitos autorais de Quino, falecido em 2020, anunciaram a mudança nesta segunda-feira (01/07). Segundo a reportagem, a decisão foi motivada pelas dificuldades de distribuição da editora argentina fora de Buenos Aires e pela capacidade da Penguin de oferecer um maior alcance comercial.

A multinacional já publicava a obra de Quino na Espanha e no México e, agora, o selo Sudamericana — pertencente ao mesmo grupo — assumirá a edição no mercado argentino, com lançamento previsto para agosto.

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Tristeza

Em nota oficial, a Ediciones de la Flor lamentou a decisão dos herdeiros. “Lamentamos que, por decisão de seus sobrinhos e herdeiros, não possamos continuar a cuidar de sua obra como fizemos desde que ele nos escolheu como sua casa, há mais de meio século. De qualquer forma, estamos certos de que a história manterá nossos nomes inextricavelmente ligados, como estiveram até agora”, declarou.

Mafalda passa a ser publicada pela multinacional Penguin
Reprodução / Wikicommons

Ana María “Kuki” Miler, que dirige a editora argentina desde 2015, relatou ao El País que eles tentaram manter os direitos de Mafalda no país até o último momento, mas sem sucesso. “Na Argentina, os custos são muito altos em dólares. Toda Mafalda sempre foi vendida no exterior por cerca de US$ 50. Hoje, na Argentina, custa cerca de 90 mil pesos, o equivalente a cerca de US$ 80”, afirmou.

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“Estamos infinitamente tristes. Quino era o nosso autor icônico”, acrescentou. “Se ele estivesse vivo, isso não teria acontecido. Éramos amigos muito próximos, parte de uma família… Ele colocava o que sentia e pensava acima do dinheiro”, frisou. Ela também destacou que o autor “nunca quis publicar por uma grande editora”. Ele “tinha uma ideologia muito definida e era muito exigente com seus materiais”, frisou.

Mafalda

Mafalda apareceu pela primeira vez em setembro de 1964, no semanário Primera Plana, com suas preocupações sobre a humanidade e o estado do mundo. Em junho de 1973, Quino parou de desenhá-la, alegando que estava se repetindo. No entanto, as ácidas críticas da menina de seis anos — e seis décadas de existência — atravessaram fronteiras e gerações, conquistando leitores de todas as idades.

Em 2014, o Prêmio Príncipe de Astúrias homenageou o artista argentino, destacando a profundidade e o alcance universal de sua obra. Na época o júri afirmou que “as mensagens lúcidas de Quino permanecem relevantes por terem combinado sabiamente a simplicidade de seus desenhos com a profundidade de seu pensamento”, destaca El País.