O Haiti enfrenta uma das crises de fome mais graves do mundo, intensificada por meses de violência extrema por parte de gangues armadas no país, de acordo com um novo relatório do Comité Integrado de Classificação das Fases de Segurança Alimentar (CIF).
A avaliação, realizada por especialistas em segurança alimentar e nutrição da Organização das Nações Unidas (ONU), governos e organizações não-governamentais como a Action Against Hunger (Ação Contra a Fome, em português), revela 5141 milhões de haitianos sofrem de níveis críticos de fome, em um país com 11,5 milhões de habitantes.
A pesquisa ainda revela que cerca de 6 mil pessoas enfrentam condições “catastróficas” de fome (fase 5), enquanto aproximadamente 2 milhões estão em situação de urgência (fase 4), e 30% da população (cerca de 3,4 milhões) é classificada como em crise alimentar (fase 3).
A projeção do CIF, para março a junho de 2025, aponta que os números podem piorar, com mais 134 mil haitianos em situação de crise alimentar, totalizando cerca de 3,5 milhões de pessoas. Ademais, apenas 7 mil devem sair da situação de catástrofe e 83 mil de stress alimentar.
O Haiti, que importa de 50% a 85% dos alimentos que circulam no país, é extremamente vulnerável à inflação e à volatilidade dos preços nos mercados internacionais. Desde Janeiro de 2024, o custo de uma cesta básica em Porto Príncipe aumentou 21%, agravando ainda mais a situação.
A Action Against Hunger, presente no Haiti desde 1985, tem trabalhado para combater a fome e melhorar a saúde da população através de programas de nutrição, acesso à água, saneamento e criação de meios de subsistência sustentáveis.
No entanto, a escassez de financiamento limitou gravemente a sua capacidade de resposta. Martine Villeneuve, diretora da ONG afirmou que a comunidade internacional “está ciente da situação crítica, mas apenas 23% dos programas de segurança alimentar e 13% dos programas de nutrição receberam o apoio necessário”. “O povo do Haiti precisa urgentemente de mais apoio, instou.
A situação social no país é crítica. Desde março de 2024, a violência no país deslocou quase 580 mil pessoas, mais que o dobro dos deslocamentos registados em 2022. Muitas famílias são forçadas a viver em condições precárias em abrigos temporários, e meninas adolescentes são forçadas à violência sexual em troca de comida.
A crescente crise da fome também é agravada por condições climáticas extremas. O último furacão, que atingiu o Haiti em julho passado, causou destruição e tornou a distribuição de ajuda ainda mais difícil. Os especialistas preveem mais tempestades nos próximos meses, complicando ainda mais a situação.
(*) Com TeleSUR